Prevent Sênior ocultou mortes em estudo manipulado sobre cloroquina

Áudios revelados pela GloboNews mostram que Rodrigo Barbosa Esper, coordenador do estudo, solicita “força tarefa” para revisar os dados, pois “até o presidente da República citou a gente”

Sede da Prevent Sênior em São Paulo (Divulgação)
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Informações divulgadas nesta quinta-feira (16) pela GloboNews revelam que a Prevent Sênior ocultou mortes de pacientes com e sem o diagnóstico de Covid-19 que participaram de estudos sem base científica feitos para apontar uma suposta eficácia dos remédios do “kit covid”, como a hidroxicloroquina e a azitromicina.

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“Sempre atuamos dentro dos parâmetros éticos e legais”, diz Prevent Senior em nota

O estudo recebeu o apoio do presidente Jair Bolsonaro (Sem partido), um dos maiores defensores do uso de cloroquina, e foi utilizado para apoiar as teses dos bolsonaristas de que o “kit covid” salvou vidas durante a pandemia.

A denúncia foi feita por um médico da Prevent Sênior que era próximo dos diretores da empresa. A reportagem da GloboNews mostra que houve manipulação nos resultados do teste para comprovar uma falsa eficácia da cloroquina contra a Covid-19.

Segundo ele, o resultado favorável ao medicamento estava pronto antes mesmo do final do estudo.

Para reforçar a suspeita de fraude na pesquisa, áudios, conversas em aplicativos de mensagens e dados contraditórios relativos ao estudo foram divulgados pela própria Prevent, por Jair Bolsonaro e apoiadores do bolsonarismo, antes mesmo da apuração total dos dados do estudo.

Áudios revelados pela GloboNews mostram que Rodrigo Barbosa Esper, coordenador do estudo, solicita “força tarefa” para revisar os dados, pois “até o presidente da República citou a gente”.

Por nota, a Prevent Senior informou que “sempre atuou dentro dos parâmetros éticos e legais e, sobretudo, com muito respeito aos beneficiários".

Realizada a partir de 25 de março deste ano, o diretor da operadora de saúde, Fernando Oikawa, orienta em mensagem publicada em grupos de aplicativos para que seus empregados não avisem os pacientes e familiares sobre a medicação:

“Iremos iniciar o protocolo de HIDROXICLOROQUINA + AZITROMICINA. Por favor, NÃO INFORMAR O PACIENTE ou FAMILIAR, (sic) sobre a medicação e nem sobre o programa.”

Nove pacientes morreram. Sendo seis do grupo que tomou hidroxicloroquina e azitromicina. Dois não ingeriram nenhuma medicação e um não consta informação se ingeriu ou não quaisquer medicamentos.

Estudo seria um acordo entre a Prevent Sênior e o governo de Jair Bolsonaro

A CPI do Genocídio recebeu um dossiê com uma série de denúncias de médicos e ex-médicos da Prevent Senior que, além de afirmar outras irregularidades que já estão sendo investigadas pelo Ministério Público de São Paulo, como forçar os médicos a prescrever o “kit covid” mesmo contra a sua vontade, agora aponta que o estudo feito pela operadora foi fruto de um acordo com o governo do presidente Jair Bolsonaro.

O dossiê agora está nas mãos da CPI do Genocídio que irá investigar a possível participação no estudo criminoso feito pela Prevent Senior.