Vereador do PV quer proibir passaporte da vacina em Diadema (SP); prefeito chama atenção para avanço da ômicron

Cidade governada pelo prefeito Filippi (PT) passou exigir o comprovante de vacinação para acesso a espaços de uso coletivo nesta terça-feira (1)

O vereador Cabo Angelo (Reprodução/Instagram)
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A cidade de Diadema (SP) passou a exigir, a partir desta terça-feira (1), a apresentação de comprovante de vacinação contra a Covid-19 para acesso a espaços, públicos e privados, de uso coletivo. O decreto foi baixado pelo prefeito Filippi (PT) na última semana.

Adotada nas principais cidades de todo o mundo, a exigência de passaporte da vacina é uma medida recomendada por especialistas pois incentiva a população a se imunizar e, quanto mais vacinados, menor a taxa de mortes e hospitalizações em decorrência da Covid-19.

Apesar dos números mostrarem a efetividade da vacina contra casos graves da doença, no entanto, há quem queira impedir a adoção de medidas relacionadas à imunização. É o caso do vereador Cabo Angelo (PV), que nesta terça-feira (1) apresentou projeto de lei para proibir a exigência do passaporte sanitário.

Na proposta, Cabo Angelo, que é policial e nas redes sociais defende Jair Bolsonaro, afirma, assim como o presidente da República, que a exigência de comprovante de vacinação torna as pessoas não imunizadas "vítimas de discriminação".

O vereador cita, inclusive, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, repetindo que é "desnecessária" a obrigatoriedade de apresentação do passaporte sanitário. Segundo ele, o comprovante de vacinação "não previne" a transmissão do vírus. Autoridades de saúde do mundo inteiro, no entanto, já comprovaram que as vacinas reduzem o risco das pessoas adquirirem formas graves da Covid, serem hospitalizadas e morrerem.

Com tom negacionista, Cabo Angelo ainda diz, no projeto de lei, que ainda "estamos em um momento de estudos" sobre a efetividade dos imunizantes, ignorando o fato de que as vacinas aplicadas no país foram analisadas, aprovadas e são recomendadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

À Fórum, o prefeito Filippi defendeu a adoção do passaporte da vacina na cidade e chamou a atenção para o avanço da variante ômicron. "Hoje temos 99% da população adulta vacinada com a primeira dose e 93% já com o esquema vacinal completo, com as duas doses, e estamos ampliando a vacinação para crianças. Ainda temos muitos desafios, como a circulação da variante ômicron, e precisamos adotar medidas para proteger ainda mais a população. Isso trará tranquilidade para quem trabalha, mora ou circula pela cidade", ressalta o petista.

Confira aqui em quais locais de Diadema a apresentação do comprovante de vacinação é obrigatória.

Vereador nega ser bolsonarista

Em nota enviada à Fórum, Cabo Angelo negou que seja negacionista ou apoiador do presidente Jair Bolsonaro. "Nunca foi pela vacina, nunca foi pelo negacionismo e nunca será pela ignorância pautada nos discursos 'antivax', mas sempre foi por ouvir o clamor da população e dar voz a elas. São estas as prerrogativas mais intrínsecas dos anais da representatividade", declarou o vereador.

"Nos comentários da matéria há uma “chuva“ torrencial de acusações onde me rotulam como 'bolsonarista', 'genocida', 'negacionista' sendo que não é a expressão da verdade e dado o alcance do seu material, provoca um assassinato de reputação de forma falaciosa porém, danosa", disse o parlamentar. A nota está disponível, na íntegra, no fim da matéria.

Pandemia não acabou: Brasil registra quase mil mortes em 24h

Enquanto o governo Bolsonaro segue minimizando a pandemia e, inclusive, fazendo campanha antivacina com notas técnicas desestimulando a imunização, o Brasil volta aos altos patamares dos números de casos e mortes por Covid-19.

Segundo dados do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) divulgados nesta terça-feira (1), o país registrou, somente nas últimas 24 horas, 929 mortes em decorrência da doença. Trata-se do maior número de óbitos em um único dia registrado desde 18 de setembro de 2021, quando foram contabilizadas 935 vítimas fatais. Ao todo, desde o início da crise sanitária, 628.067 pessoas morreram após contrair o coronavírus.

O Conass informa, ainda, que nas últimas 24 horas foram contabilizados 193.465 casos confirmados de Covid-19. Desde o início da pandemia, 25.620.209 de pessoas foram infectadas.

Os números desta terça-feira (1) fizeram a média móvel de casos e de óbitos subirem. A de óbitos está em 602, o que representa um aumento de 11% com relação à segunda-feira (31). Já a de casos está 186.985, um crescimento de 0,7% em comparação com o dia anterior.

Confira na íntegra nota enviada pelo vereador Cabo Angelo à Fórum:

NOTA OFICIAL DO GABINETE DO VEREADOR CABO ANGELO

Boa noite!

Me chamo Angelo Paulino da Silva, tenho 44 anos dos quais 20 deles servindo à população bandeirante pelas fileiras da Polícia Militar. 

Sempre exerci minhas funções em busca da justiça real tendo até um comportamento diferenciado, modéstia à parte, de alguns que achavam que o sinônimo de ser um policial era ser agressivo, implacável, impiedoso e carregado de arrogância. Tive muitos problemas também com superiores e por querer enfrentar o sistema de uma forma mais contundente por não concordar com alguns desmandos, frequentemente sofria com transferências, punições, etc…

Foram inúmeros momentos de pressão hierárquica e, por sentir as amarras do sistema (que é muito próprio do sistema militarista) que me impediam de servir à população com mais comprometimento e efetividade, foi que me enveredei, em 2020, pelo caminho da representatividade parlamentar. 

Assim o fiz e, sem nenhum apadrinhamento político e muito menos ligação política, me peguei eleito, disputando pela primeira vez, obtendo 2471 votos. Foi uma grata surpresa não só pra mim mas para toda classe política que não entendeu de onde eu saí e como eu ganhei a disputa numa cidade tão estigmatizada, com problemas históricos de abusos de autoridade a exemplo do que foi o fatídico caso da Favela Naval em Março de 1997.

A fórmula foi simples porém pouco compreendida aos mais limitados (sejam cidadãos comuns ou policiais): CABEÇA ABERTA E COMPROMISSO HONESTO COM A POPULAÇÃO, e isso me garantiu o prestígio e a confiança das pessoas. 

No último dia 1º, me deparei com uma matéria veiculada pela REVISTA FÓRUM que se referia ao anteprojeto de lei de minha autoria que versa sobre a proibição de exigência do chamado “passaporte sanitário”. 

Meu respeito a todo editorial da Revista Fórum e compreendo o propósito do expediente que é fazer com que o leitor tenha suas convicções e analise o mundo através da ótica da esquerda nacional ou do progressismo que é a forma mais atual de entendimento. Sendo eu uma pessoa extremamente coerente e perseguidor da justiça, não poderia, sob qualquer hipótese, contrariar o exercício da cidadania num país democrático e incentivar que a imprensa seja sempre livre.

Na esteira do meu posicionamento, aceito toda e qualquer crítica construtiva sendo doce ou amarga, só não consigo concordar, e esse é o motivo do meu inquietamento, com momentos de inverdades e ilações que a matéria produziu. Sinalizo a seguir:

“Na proposta, Cabo Angelo, que é policial e nas redes sociais defende Jair Bolsonaro, afirma, assim como o presidente da República, que a exigência de comprovante de vacinação torna as pessoas não imunizadas “vítimas de discriminação” (sic)

No momento que cita: “… e nas redes sociais defende Jair Bolsonaro, afirma, assim como o Presidente da República…” - nota-se uma afirmação não verdadeira ou ao menos desprovida de garantias. Por exemplo, no último ano como já parlamentar, não houve um momento sequer que fiz a defesa do Presidente Bolsonaro na tribuna ou nas redes sociais, mas com extrema coerência eu provoco críticas e elogios seja qual bandeira for. Da mesma forma que JAMAIS em uso da tribuna ou nas redes sociais eu agredi de forma gratuita, o Partido dos Trabalhadores ou o próprio ex presidente Lula. E isso sim, é muito próprio do autêntico “bolsonarista”

Fui eleitor de Jair Bolsonaro sim, porque acreditei lá em 2018 que teríamos um país melhor e mais justo, mas isso não quer dizer que eu esteja hoje, satisfeito com o atual governo. Outrossim, não tenho por hora, a preocupação da reeleição de Bolsonaro ou assunção de outro preposto ao cargo máximo da nação. Meu foco e preocupação se arrasta até as linhas limítrofes da cidade de Diadema sendo a discussão de cenário nacional, distante e desnecessária nesse momento. Minha cidade tem inúmeros problemas de funcionamento e depende demasiadamente do nosso comprometimento enquanto poder público pra não deixar a engrenagem pública parar.  

Nos comentários da matéria há uma “chuva“ torrencial de acusações onde me rotulam como “bolsonarista”, “genocida”, “negacionista” sendo que não é a expressão da verdade e dado o alcance do seu material, provoca um assassinato de reputação de forma falaciosa porém, danosa.

Vamos aos adjetivos:

“Bolsonarista” é o seguidor de Bolsonaro, de extrema direita, que não aceita o contraditório e defende suas teses inflexivelmente com punhos de aço. Nunca tive esse comportamento nem quando era um policial! 

“Genocida” é um adjetivo extremamente forte que dispensa até comentários. Nunca teria o comportamento de uma genocida sob nenhum pretexto ou argumento.

“Negacionista” supõe ser o indivíduo que nega a vacina e que além disso, luta contra a vacinação. Eu nunca neguei a eficácia da vacina e nem o propósito pela qual foi instituída. Eu mesmo tomei as duas doses da vacina Oxford/AztraZeneca e um negacionista nunca teria o orgulho de dizer isso.

Meu posicionamento que gerou toda a polêmica foi por ocasião simplesmente do Decreto Municipal. Questionei o Prefeito nas redes sociais por não ter, antecipadamente, ouvido a população, sentado com o comércio, etc… mas só agora, depois do decreto já em curso sem abrir uma consulta popular e considerando o descontentamento da população diademense foi que decidi pelo Projeto de Lei que foi nada a além, do que um pedido da própria população. 

Nunca foi pela vacina, nunca foi pelo negacionismo e nunca será pela ignorância pautada nos discursos “antivax”, mas sempre foi por ouvir o clamor da população e dar voz a elas. São estas as prerrogativas mais intrínsecas dos anais da representatividade. 

Espero que tenha esclarecido meu posicionamento e considero sensato por parte dos editores, que haja espaço para o amplo direito à defesa e o contraditório (talvez até publicando a íntegra desta nota) considerando que a REVISTA FÓRUM seja verdadeiramente um espaço justo que mantém acesa a chama da democracia.  

Finalizo com demasiada estima e muita consideração me colocando a disposição para qualquer outro momento que eu possa trazer luz à verdade real dos fatos! 

Att

Vereador Cabo Angelo