Acusações de Eduardo Bolsonaro contra China atrasam importação de insumos da Coronavac

Revelação é de ministros do próprio governo. Até mesmo Ernesto Araújo, que fez diversos ataques à China, mudou sua postura por conta da vacina

Eduardo Bolsonaro (Foto: Arquivo)
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Integrantes do alto escalão do governo do presidente Jair Bolsonaro (Sem Partido) admitiram à CNN Brasil, sem revelar a identidade, que a relação conturbada do país com a China tem travado a importação de insumos para a produção das vacinas contra a Covid-19 no Brasil.

Um dos incidentes citados por auxiliares dos ministros da Economia, Paulo Guedes, e da Saúde, Eduardo Pazuello, para o atraso foi o ataque do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) ao embaixador da China em Brasília, Yang Wanming, em novembro do ano passado.

Acusações de espionagem

Na ocasião, a Embaixada da China no Brasil usou as redes sociais para criticar Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente Jair Bolsonaro, por fazer insinuações sobre o uma suposta espionagem que seria promovida pelo Partido Comunista Chinês através do serviço de 5G da Huawei.

“Em um fio de mensagens publicado no Twitter, dia 23/11, o deputado federal Eduardo Bolsonaro acusou o Partido Comunista da China e empresas chinesas de praticar espionagem cibernética e defendeu a iniciativa dos EUA de criar uma aliança internacional que discrimina a tecnologia 5G da China”, diz a Embaixada no início de nota divulgada nas redes sociais.

Alerta

O Instituto Butantan e a Fundação Oswaldo Cruz Brasil estão em alerta pelo represamento de insumos para a produção da Coronavac promovido pelo governo da China. O estoque de IFA (Ingrediente Farmacêutico Ativo), o princípio ativo da Coronavac, em São Paulo, só permitirá a formulação e o envase até o fim de janeiro.

No Rio de Janeiro, em relação à vacina da AstraZeneca/Universidade de Oxford, a entrega do produto nem começou, apesar de ser esperada desde o ano passado.

O estoque do Butantan é de 6 milhões de doses (1,5 milhão ainda a rotular), entre seringas prontas vindas da China e ampolas com a vacina formulada e envasada no órgão.

A ordem interna agora, de acordo com o que integrantes do governo disseram à CNN, é para que haja um esforço de reaproximação com o governo chinês. O próprio chanceler Ernesto Araújo tem mantido contato diário com o seu correspondente chinês. 

Embora tenha feito diversos ataques à China, o ministro das Relações Exteriores teria mudado a postura em nome das negociações pró-vacina.

Com informações da CNN Brasil