Anvisa já liberou antes vacinas com menos de 50% de eficácia, diz presidente do órgão

Antonio Barra Torres prevê que Brasil terá uma vacina contra a Covid-19 no primeiro semestre de 2021

Foto: Daniel Guimarãres/ A2img
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Em meio à "guerra das vacinas", que vem sendo estimulada através de embates entre o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), e o presidente Jair Bolsonaro, o diretor-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antonio Barra Torres, disse em entrevista na tarde desta quinta-feira (29) que o Brasil deve ter um imunizante autorizado pelo órgão contra a Covid-19 no primeiro semestre de 2021.

"Algumas pessoas são menos otimistas, outras são até mais otimistas, acham que antes, eu acho que antes não é possível, eu ficaria com alguma coisa entre janeiro e junho de 2021", disse em entrevista à agência Reuters.

"Acredito, pelo que temos observado, que o tempo para isso acontecer será em algum momento entre o primeiro mês e o sexto mês de 2021, ou seja, no primeiro semestre de 2021. Por enquanto é isso que acredito em face do que temos visto", afirmou ainda.

Na mesma entrevista, Torres também destacou que a Anvisa, em outras ocasiões, já liberou vacinas com menos de 50% de eficácia, como em casos de imunizantes contra a Influenza. De acordo com ele, a pandemia impõe uma situação "totalmente diferenciada". O diretor-presidente ressaltou, contudo, que há uma discussão mundial sobre o índice mínimo de eficácia da vacina contra a Covid e que ainda não há consenso sobre isso.

A declaração vem na esteira do embate entre o governo federal e o governo de São Paulo, que desenvolve junto à farmacêutica chinesa Sinovac, através do Instituto Butantan, a CoronaVac. Bolsonaro chegou a desautorizar um acordo feito pelo Ministério da Saúde para a compra de milhões de doses da vacina chinesa, alegando que sua efetividade e segurança ainda não foram comprovadas. O imunizante está na última fase de testes e ainda será submetido à Anvisa para a obtenção do registro. Só após esse registro que o governo pode iniciar um programa de vacinação.

Só em 2021

Nesta quarta-feira (28), o diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, afirmou que a vacina chinesa não chegará à população em 2020.

O anúncio vem logo após Anvisa autorizar a importação dos insumos para a produção do imunizante. A expectativa do governo de São Paulo, inicialmente, era obter o registro da vacina junto à Anvisa já em novembro e começar a vacinar profissionais de saúde em dezembro.

Segundo Dimas Covas, no entanto, esse calendário foi alterado por uma série de fatores, entre eles, a demora da Anvisa em liberar a importação da matéria-prima para a produção da vacina. Como a agência só o fez hoje, após pedido feito pelo governo de São Paulo há um mês, a previsão agora é que a vacina só seja registrada em meados de janeiro de 2021. Ou seja, não haverá aplicação de vacina antes do ano que vem.