Em entrevista realizada nesta segunda-feira (20), o presidente do Ipsos, Marcos Calliari, comentou sobre levantamento divulgado pelo instituto que mostra que a crença de que a hidroxicloroquina cura o coronavírus é endossada por 18% da população, apesar da ausência de pesquisas que comprovem a eficácia da droga propagada pelo presidente Jair Bolsonaro.
"Entre os 16 países pesquisados, o brasileiro é a segunda população que mais acredita que há, sim, uma cura para a Covid e é a cloroquina. Só perde para a Índia nesse quesito", disse em entrevista ao jornalista José Luiz Rosa, do Valor Econômico sobre o estudo revelado em junho.
Para Calliari, o percentual indica que não há uma crença massiva na cloroquina, mas que essa tese não pode ser ignorada. "Acho que refletem um pouco o processo de informação truncada", declarou o pesquisador, que atribui às redes a disseminação de desinformação durante a pandemia.
O presidente Jair Bolsonaro é visto como o principal disseminador da substância no Brasil desde março e virou alvo do Ministério Público na última terça-feira (14) em uma representação ao Tribunal de Contas da União para que o ex-capitão “deixe de propagandear o uso, pelos brasileiros, da cloroquina e da hidroxicloroquina".
Apesar da iniciativa, Bolsonaro voltou a exaltar o medicamento no sábado (18), quando sacou uma caixa de cloroquina e ergueu aos apoiadores, que o aplaudiram entre gritos de "mito".
Alho e crianças
Além disso, o levantamento aponta que 7% da população acredita no alho como a cura para a doença e 11% que o Sars-Covs-2 não contamina crianças. No início de junho, Bolsonaro marcou um horário com uma apoiadora que dizia que o enxofre era a cura para a Covid e que o consumo de alho aumentaria a imunidade contra a doença.