Artur Chioro: “sem isolamento social teremos uma tragédia sem precedentes no Brasil”

Auge da pandemia no país deve ser entre o final de maio e o começo de junho, de acordo com o ex-ministro

Foto: Vinicius Loures/Câmara dos Deputados
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De acordo com o ex-ministro da Saúde, Arthur Chioro, em conversa exclusiva com a Fórum, nesta quinta-feira (9), o quadro que temos pela frente com relação à pandemia do coronavírus é muito pior do que o esperado. Ao comentar notícia de que cerca de 25% dos profissionais da Saúde do estado do Rio de Janeiro estão infectados, Chioro afirma que o problema por aqui ainda nem começou.

“Sem Equipamentos de Proteção Individual e testes para os profissionais de saúde, não chegamos à 22ª semana. Teremos caos. Não criamos médicos, enfermeiros e fisioterapeutas para cuidar de pacientes críticos em UTI da noite para o dia. É como se eles fossem dialógicos e os outros analógicos”, avisa.

Ao citar dados do próprio ministério da Saúde, o ex-ministro lembra que estamos entrando na 14ª semana epidemiológica e que os casos começarão mesmo a explodir entre a 17ª e a 19º. “Vamos depender do grau de isolamento. Mas a epidemia de Covid-19 no Brasil vai explodir mesmo entre o final de maio e o começo de junho. Sua magnitude em quantidade de casos dependerá do quanto conseguirmos manter o isolamento. O número de óbito, além disso, vai depender também do aumento da oferta de leitos hospitalares e de UTI ”, alerta.

Chioro afirma ainda que sem isolamento social teremos uma tragédia sem precedentes. “Com o isolamento bem feito, teremos no melhor cenário um quadro estimado de 44 mil casos. Se o isolamento não for cumprido, saltaremos para 1,1 milhão de casos estimados. Se for feito do jeito que Bolsonaro propõe, ou seja, vertical, estimamos 627 mil mortes. São essas escolhas que estão colocadas”.

Diferentes cenários: projeções de óbitos por COVID-19 (Brasil). Fonte: Imperial College para O Brasil (27/03/20)

Um quarto dos profissionais de Saúde do Rio contaminados

Cerca de 25% dos profissionais de saúde da rede pública do estado do Rio de Janeiro estão infectados pelo coronavírus. O percentual é elevadíssimo, comparado com o registrado na Espanha e em Portugal, ambos de 20%, e ainda superior ao da Itália, com 15%.

Os dados são de pesquisa de uma força-tarefa pioneira para testagem molecular de Sars-CoV-2, que reúne mais de 60 pesquisadores, médicos e enfermeiros da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

O percentual de infecção, classificado como brutal pelos cientistas, demonstra duas coisas. A falta de equipamentos de proteção (EPIs) para os profissionais e a ampla disseminação do coronavírus na população.