Estimulados por Bolsonaro, negacionistas promovem campanha antivacina com panfletos, vídeos e site

O infectologista Marcos Caseiro responsabilizou o presidente Jair Bolsonaro pela disseminação do negacionismo antivacina e cobrou a adoção de medidas para coibir essa postura

Jair Bolsonaro e panfleto negacionista distribuído por bolsonaristas | Montagem (Fotos: Alan Santos/PR e Reprodução/Redes Sociais)
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A campanha contra a imunização infantil empreendida por bolsonaristas não se limita às redes sociais. Apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) têm realizado até mesmo panfletagens para aterrorizar a população e impedir o avanço da vacinação em crianças, que teve segurança atestada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

"Isso não é vacina. Trata-se de um experimento de terapia gênica. Estão envenenando a população", diz trecho do panfleto mentirosos distribuído por bolsonaristas. O material chama os governadores de "assassinos" por cobrar passaportes de vacinação e alega que não existe pandemia, mas um "extermínio de nações".

No panfleto há o endereço de um site que possui com diversos vídeos e cartazes contra a vacinação. Há, inclusive, um trecho da audiência realizada pelo Ministério da Saúde sobre a imunização infantil - o que demonstra que a operação montada pelo ministério se tornou peça para campanhas antivacina, conforme já era previsto.

Cabe destacar que o próprio ministro Marcelo Queiroga virou alvo dos negacionistas, que o classificam como "nazista" por ter dado início à imunização após decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) e da Anvisa.

Twitter garante proliferação de conteúdo antivacina

Esse portal negacionista está hospedado na plataforma Wix e é comandado pela bolsonarista Aline Lopes. No Twitter, Aline - que se define como anticomunista e fiel a Bolsonaro - chegou a publicar vídeos mostrando a panfletagem contra os imunizantes. Segundo ela, a intenção é realizar essas atividades contra a vacina em todos os bairros do Rio de Janeiro.

Aline publica com frequência imagens que relacionam a vacinação à morte de crianças. Conteúdo negacionista tem sido distribuído livremente na rede social, que tem evitado tomar medidas firmes contra radicais de extrema-direita.

A plataforma tem sido muito cobrada por isso, em especial pela complacência com o pastor Silas Malafaia que chegou a chamar a vacinação contra a Covid-19 em crianças de “infanticídio”. A rede apenas removeu algumas postagens do bispo, mas manteve o perfil. O YouTube bloqueou o pastor nesta terça-feira.

Bolsonaro é o responsável, aponta infectologista

A Fórum mostrou o material para o infectologista Marcos Caseiro, que lamentou a proliferação do conteúdo negacionista e responsabilizou o presidente Jair Bolsonaro pela disseminação do medo com a vacina em pais de crianças e adolescentes.

"Isso é um absurdo sem precendentes. Mas o crime que esse cara [Bolsonaro] tá cometendo já tá feito. Já fez um enorme estrago. No hospital, muita gente já me questiona se a vacina é segura para crianças. É um total absurdo", afirmou o médico.

"Tem que tomar medidas para coibir essas coisas, em especial o presidente. Esses sites podem falar o que eles quiserem, esses idiotas sempre existiram. A questão é que a vacina já foi aprovada nos Estados Unidos, na Europa. A Anvisa se baseou nos dados de lá. É uma vergonha o que está acontecendo", prosseguiu.

"A gente tem que combater isso com ciência. Se a gente pegar as vacinas mais clássicas que a gente usa sempre, elas tiveram muito menos cuidados de segurança do que essa contra a Covid. A vacina contra a Covid passou por todos os testes de segurança", finalizou o infectologista.

Bolsonaro tem atacado a vacinação infantil a todo momento. O presidente chegou a colocar em dúvida a decisão da Anvisa e frisou que não irá vacinar sua filha Laura, de 11 anos.

Confira o panfleto antivacina distribuído por bolsonaristas:

https://twitter.com/AlineLopes_RJ/status/1481102187916836870
https://twitter.com/AlineLopes_RJ/status/1479642611866640389