Bolsonaro contrariou diretrizes de 27 especialistas de três associações médicas ao liberar cloroquina para tratar coronavírus

Consenso da Associação de Medicina Intensiva Brasileira, da Sociedade Brasileira de Infectologia e da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia diz que não há indicação para uso da cloroquina no tratamento da Covid-19, baseado em 79 pesquisas sobre o tema

Jair Bolsonaro (Foto: Isac Nóbrega/PR)
Escrito en CORONAVÍRUS el

O protocolo sem qualquer assinatura divulgado pelo governo Jair Bolsonaro na manhã desta quarta-feira (20) dando nova orientação aos médicos sobre o uso de cloroquina e hidroxicloroquina no tratamento da Covid-19 contraria as diretrizes de 27 especialistas, que em nota conjunta de três associações médicas nesta terça-feira (19) não recomenda o uso do medicamento para a doença.

O documento é chamado de "Diretrizes para o Tratamento Farmacológico da COVID-19. Consenso da Associação de Medicina Intensiva Brasileira [AMIB], da Sociedade Brasileira de Infectologia [SBI] e da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia [SBPT]".

O texto lista 11 recomendações para não uso, em rotinas, desses fármacos, cujas aplicações são "embasadas em evidência de nível baixo ou muito baixo".

O documento é enfático, logo em sua introdução, sobre o uso da medicação. "Não há indicação de uso de rotina de hidroxicloroquina, cloroquina, azitromicina, lopinavir/ritonavir, corticosteroides ou tocilizumabe [anticorpo que bloqueia a ação de uma proteína responsável por causar inflamação crônica] no tratamento da covid-19", aponta. Na bibliografia, constam 79 publicações nacionais e internacionais de estudos e pesquisas sobre o tema.

A conclusão do estudo é de que, até o momento, "não há intervenções farmacológicas com efetividade e segurança comprovada que justifique seu uso de rotina no tratamento da covid-19".

Leia o documento na íntegra