Bolsonaro desautoriza Teich sobre cloroquina e atividades essenciais: Tem que estar afinado comigo

"Não é gostar ou não do ministro Teich, é o que está acontecendo", disse Bolsonaro que afirmou que vai conversar com o ministro para alterar o protocolo de recomendação da cloroquina no tratamento da Covid-19

Jair Bolsonaro e Nelson Teich (Foto: Marcello Casal Jr/ Agência Brasil)
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Alçado ao Ministério da Saúde sob a tutela da ala militar do governo, Nelson Teich sofreu mais uma humilhação pública nesta quarta-feira (13), dois dias após ser surpreendido com um decreto de Jair Bolsonaro liberando academias e salões de beleza como atividade essencial durante o isolamento para conter a propagação do coronavírus.

Questionado por jornalistas sobre o posicionamento do ministro, contrário ao uso da cloroquina e a favor do isolamento social, Bolsonaro sinalizou que quem manda é ele.

"Olha só, todos os ministros, eu já sei qual é a pergunta, têm que estar afinados comigo. Todos os ministros são indicações políticas minhas e quando eu converso com os ministros eu quero eficácia na ponta. Nesse caso, não é gostar ou não do ministro Teich, é o que está acontecendo", disse, após ouvir gritos de guerra da milícia virtual que está acampada na Praça dos Três Poderes e foi saudá-lo na porta do Alvorada.

Teich escreveu em sua conta no Twitter nesta terça-feira (12) que a cloroquina apresenta efeitos colaterais e que a prescrição deve ser feita em comum acordo entre paciente e médico.

https://twitter.com/TeichNelson/status/1260221915861483525

Bolsonaro disse, no entanto, que que vai conversar nesta quarta com Teich para ser alterado o protocolo do Ministério da Saúde, que atualmente prevê a prescrição de cloroquina apenas para os casos graves. O presidente quer que o remédio seja usado desde o início do tratamento.

"Nós estamos tendo centenas de mortes por dia. Se existe uma possibilidade de diminuir esse número com a cloroquina, por que não usar? Alguns falam que pode ser placebo. Pode ser. Você não sabe. Mas pode não ser também. A gente não pode, por exemplo, falar: 'Ah, se tivesse usado a cloroquina lá atrás, teria salvo milhões de pessoas. Só isso", disse o presidente.