Bolsonaro imita Trump e quer mandar aviões para buscar equipamentos médicos na China

“O capitalismo selvagem vai se impor. Cada país vai querer se proteger", diz o médico Carlos Morel, ex-presidente da Fiocruz, sobre a corrida à China provocada após o anúncio de Trump de comprar toneladas de equipamentos médicos

Trump e Bolsonaro (Foto: Alan Santos/PR)
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Jair Bolsonaro cogita enviar aviões da Força Aérea Brasileira (FAB) para buscar suprimentos médicos na China, imitando a estratégia de Donald Trump, que enviou 23 aeronaves ao país asiático provocando risco de desabastecimento dos equipamentos usados no combate ao coronavírus em outros países.

Segundo a coluna de Mônica Bergamo, na Folha de S.Paulo desta quinta-feira (2), essa é uma das três hipóteses cogitadas pelo Ministério da Saúde, comandado por Luiz Henrique Mandetta (DEM-MS), para suprir a falta de equipamentos de proteção individuais, os chamados EPIs, para profissionais de saúde.

"Com a retomada da produção na China, a expectativa é a normalização futura da oferta dos equipamentos, a adequação dos preços e a retomada da compra descentralizada. Para a retirada desses produtos adquiridos pela pasta estão sendo analisadas três estratégias: a utilização de voos comerciais regulares que têm se mostrado difícil devido à diminuição de voos, a contratação de aviões cargueiros e o envio de aeronaves da FAB", diz o Ministério.

Segundo especialistas ouvidos pela reportagem, a decisão de Trump de comprar toneladas de equipamentos de produtos hospitalares direto na China acendeu alerta em todo o mundo.

“O capitalismo selvagem vai se impor. Cada país vai querer se proteger", diz o médico Carlos Morel, ex-presidente da Fiocruz que hoje negocia com empresas do país asiático a importação de insumos para a fundação, vinculada ao Ministério da Saúde, e outros para órgãos do país.