Com 15 mortos à espera de leitos, líder empresarial bolsonarista ameaça fiscais da vigiância em Bauru

Presidente do sindicato dos comerciantes, Walace Sampaio lançou em fevereiro movimento pela abertura do comércio na cidade junto com Luciano Hang: "Vejo uma cidade morta", disse o véio da Havan em discurso

Luciano Hang, o veio da Havan, e Walace Sampaio, do Sindicato do Comércio de Bauru (Reprodução)
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Com 118% da taxa de ocupação e 15 mortes em março por falta de leitos no Posto Avançado Covid-19 (PAC) de Bauru, no interior de São Paulo, Walace Sampaio, presidente do sindicato dos comerciantes (Sincomércio) da cidade está enviando mensagens incentivando lojistas a ameaçarem e "botarem para correr" os fiscais da vigilância sanitária, que fiscalizam as medidas para contenção da propagação da doença.

Segundo informações da coluna Painel, na edição desta quarta-feira (17) da Folha de S.Paulo, em uma das mensagens, Sampaio comemora a reação de um lojista que foi notificado por permitir a entrada de clientes. “Após pequena discussão, sem violência, foram botados para correr e sumiram de lá”.

Em outra mensagem em grupo de comerciantes, o líder empresarial fala em criar uma "corrente do bem" para rechaçar os fiscais. "Aos que estiverem abertos e forem fiscalizados, peço que informem aqui, vamos todos pra lá protestar sem violência e botar eles para correr”. Ao jornal, Sampaio diz que as frases foram tiradas do contexto.

Veio da Havan
No dia 12 de fevereiro, ao lado de Luciano Hang, o veio da Havan, Sampaio lançou um movimento pela abertura imediata das atividades produtivas de Bauru e região.

“Nós não somos negacionistas, porque defendemos as vacinas, os medicamentos e a criação de novos leitos”, afirmou Sampaio na ocasião, conclamando a população de Bauru a reagir e lutar em defesa da saúde e da economia.

Em seu discurso, Hang falou que, ao chegar, encontrou uma cidade "morta", mas relacionou à economia e não às pessoas que estão sendo vítimas da Covid-19.

"Chegando na cidade hoje, eu vejo uma cidade morta, morta sem restaurantes, sem comércio, tudo fechado. Então a luta de hoje na cidade de Bauru não é pela cidade, é pelo estado. Vocês vão deixar o seu emprego morrer? Uma empresa, quando morre, dificilmente, consegue ressuscitar, fazendo com que os empregos formais e informais desapareçam”, afirmou Hang, que participou de ato na cidade com assessores do senador Major Olímpio (PSL-SP), que esta internado em estado grave com Covid-19.