Com subnotificação recorde, Brasil ultrapassa 1 mil mortos pelo coronavírus nesta sexta-feira

Em meio a passeios de Jair Bolsonaro à padaria, Brasil registrou aumento da letalidade da doença e é o país que menos realiza testes para o coronavírus entre os 15 mais atingidos pela pandemia

Paulo Guedes e Jair Bolsonaro (foto: Xinhua)Créditos: Reprodução/Youtube
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País que menos realiza testes para a Covid-19, que resulta em um subdimensionamento do verdadeiro cenário provocado pela pandemia, o Brasil deve ultrapassar a barreira de 1 mil mortos pela doença nesta sexta-feira (10).

Com Jair Bolsonaro indo à padaria no Distrito Federal e incentivando o fim do isolamento social, o país registrou 141 mortes entre quarta-feira (8) e quinta-feira (9), chegando a 941 vítimas fatais e elevando a taxa de letalidade da doença de 5% para 5,2%, segundo dados do Ministério da Saúde. O número de casos confirmados atingiu 17.857, uma alta de 1.930 diagnósticos positivos em 24 horas.

A marca dos mil mortos acontece em meio à informação de que o Brasil é o país que menos realiza testes para detectar a doença entre os 15 países mais atingidos.

Segundo reportagem do jornal O Globo, o déficit de testes do Brasil em comparação a outros países é abissal. O país faz 296 testes por milhão de habitantes. O Irã, o segundo que menos testa entre os mais afetados, faz 2.755 por milhão. Os EUA, 7.101 por milhão. A Alemanha, um dos países com menor taxa de mortalidade, testou 1.317.887 pessoas — 15.730 por milhão.

Ao jornal o professor de virologia da UFRJ Amilcar Tanuri, coordenador do Laboratório de Virologia Molecular da universidade, diz que o Brasil está sob a tempestade perfeita: sofre com falta de infraestrutura para produzir testes, é refém da importação em um mercado sob demanda extrema e pena com a falta de ação do governo federal para resolver o problema

"O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, fez tudo o que podia. Mas falta apoio e uma ação mais incisiva do governo", disse.