Com voos cancelados e descaso de embaixada, cerca de 200 brasileiros ficam "presos" na África do Sul

O governo do país decretou o fechamento de todos os serviços e ainda não se sabe se os aeroportos irão funcionar. Brasileiros aguardam posicionamento do Itamaraty

Consulado do Brasil em Pretória (Foto: Itamaraty)
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Com voos cancelados e ordem de fechamento de todos os serviços por causa da pandemia do coronavírus, cerca de 200 brasileiros estão "presos" na África do Sul sem conseguirem retornar ao Brasil. Parte deles denunciam inação e descaso da embaixada brasileira no país, que esteve de portas fechadas quando turistas buscaram auxílio para retornar ao Brasil.

A professora do Instituto Federal de Brasília, Dayane Augusta, foi à África do Sul para estudar inglês e contou à Fórum que está há duas semanas tentando retornar ao Brasil, com três voos cancelados.

"O que temos encontrado é descaso e desconsideração por parte de empresas e mesmo do governo federal brasileiro no que tange a um posicionamento mais efetivo sobre o nosso retorno. No meu caso especificamente, tive uma remarcação e três voos cancelados no espaço de tempo de uma semana e meia. Primeiro pela Taag, tendo em vista o decreto presidencial de fechamento do espaço aéreo angolano; acompanhando essa tendência, depois pela South Africa e, por último, pela LATAM", conta.

Ao comentar sobre as medidas tomadas pelo consulado brasileiro na África do Sul para solucionar o problema, Dayane diz que o órgão apenas tem repassado as demandas ao Itamaraty. A professor diz que foram preenchidos diversos formulários na embaixada, um deles em tentativa de fretar um avião particular, mas nenhum deles teve resposta.

"Eu estive no consulado de Cape Town. Lá, eles não conseguiram dizer muitas coisas, só disseram pra gente passar o nome, preencher um formulário com os nossos dados para eles saberem da nossa existência. Aqui perto tem a embaixada de Pretória, mas um turista foi lá e a embaixada está fechada", revela.

O turista em questão é Guilherme, de Londrina, cidade do Paraná. Sem encontrar hotéis abertos durante a quarentena sul africana, o jovem foi nesta quinta-feira (26) até o Consulado do Brasil em Pretória para pedir ajuda. Contudo, encontrou o prédio com as portas fechadas. "Eles não estão atendendo a gente. Onde a gente poderia ter certa segurança, certo respaldo da situação, eles não abrem a porta, não atendem", conta em vídeo.

Dayane diz que o grupo de 200 brasileiros tem se bancado por conta própria no país enquanto aguardam resposta do governo brasileiro. "Existem grávidas, idosos, jovens, crianças… pessoas presas na área de embarque internacional. As respostas têm sido lentas e o abalo emocional que todo esse contexto vem provocando, voraz", lamenta.

O presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, decretou oficialmente o bloqueio do país nesta segunda-feira (23). Serão 21 dias de comércios fechados e isolamento social. Não se sabe, no entanto, se os aeroportos vão continuar operando.

Em seu discurso, Ramaphosa também decretou que os viajantes internacionais que chegaram à África do Sul após 9 de março de países de alto risco ficarão confinados nos hotéis até concluir um período de quarentena de 14 dias.

O ministro da Saúde, Zweli Mkhize, anunciou nesta quarta-feira (25) que o país está com 709 casos confirmados de coronavírus. Com isso, houve um aumento de 155 casos em um dia.