Consulta pública: Maioria é contra prescrição médica em vacinação de crianças

A pergunta feita pelo Ministério da Saúde sobre a não obrigatoriedade da imunização entre 5 e 11 anos continha uma “pegadinha”

Foto: Tânia Rego/Agência Brasil
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Ao contrário do que quer o governo de Jair Bolsonaro, a maioria das pessoas é contra a exigência de prescrição médica para a vacinação da Covid-19 em crianças entre 5 e 11 anos. Quase 100 mil pessoas se posicionaram na consulta pública, realizada pelo Ministério da Saúde, até o dia 2 de janeiro.

“Tivemos 99.309 pessoas que participaram neste curto intervalo de tempo em que o documento esteve para consulta pública, sendo que a maioria se mostrou concordante com a não compulsoriedade da vacinação e a priorização das crianças com comorbidade. A maioria foi contrária à obrigatoriedade da prescrição médica no ato de vacinação”, afirmou Rosana Leite de Melo, secretária extraordinária de Enfrentamento à Covid-19 do Ministério da Saúde, em audiência pública, nesta terça (4).

Em relação à não obrigatoriedade da imunização, há uma questão que o governo precisaria esclarecer, pois a pergunta feita pelo Ministério da Saúde na consulta pública continha a chamada “pegadinha”.

“Você concorda com a vacinação em crianças de 5 a 11 anos de forma não compulsória conforme propõe o Ministério da Saúde?”, foi a pergunta.

Caso a resposta fosse negativa, a pessoa estaria votando contra a vacinação das crianças. Na hipótese de a resposta ser afirmativa, mesmo que o cidadão estivesse votando favoravelmente à imunização, ele também estaria votando em favor da não obrigatoriedade.

Documento final será divulgado nesta quarta-feira (5)

O objetivo do ministério é recomendar que crianças de 5 a 11 anos sejam vacinadas contra a Covid-19 mediante a apresentação de prescrição médica e com o consentimento dos pais. O documento final será divulgado nesta quarta-feira (5).

Várias entidades que participaram da audiência pública também se posicionaram contrárias à prescrição médica: Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems), Conselho Federal de Medicina (CFM) e Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), por exemplo.

Com informações da Folha de S.Paulo