Contramão de Bolsonaro: após lockdown, Araraquara registra queda de 62% nas mortes por Covid

O prefeito Edinho Silva (PT) adotou inúmeras medidas que fizeram o número de óbitos despencar de 129 em março para 49 em abril

Edinho Silva - Foto: Divulgação
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O município de Araraquara, no interior de São Paulo, se consolida como referência no combate à pandemia do coronavírus.

Depois que o prefeito Edinho Silva (PT) tomou a iniciativa de decretar lockdown radical, entre fevereiro e março, as mortes provocadas pela Covid-19 despencaram 62% em abril, em relação ao mês anterior, de acordo com reportagem de Marcelo Toledo, na Folha de S.Paulo.

O panorama é o oposto do que ocorre no Brasil, em tempo de Jair Bolsonaro, que, nesta quinta-feira (29), ultrapassou a marca de 400 mil vítimas fatais da doença, 100 mil em um intervalo de 36 dias.

Em março, pior mês na cidade, que tem 238 mil habitantes, houve registro de 129 mortes. Em contrapartida, o número caiu para 49 em abril, segundo informações do comitê de contingência do coronavírus do município. Também regrediram os novos casos e o total de moradores de Araraquara internados.

As medidas adotadas por Edinho Silva foram criticadas por Bolsonaro, nesta quinta (29). O presidente postou, às 4h35 da manhã, um vídeo com um comboio partindo do Ceagesp, em São Paulo, rumo a Araraquara, levando alimentos às vítimas da política, segundo ele, do “fique em casa que a economia a gente vê depois”.

Edinho reagiu: “Mas o presidente Jair Bolsonaro poderia fazer isso sem humilhar as pessoas, sem que elas ficassem em uma fila indiana por horas, no meio da rua, de madrugada, ou durante o dia, debaixo do sol, sem água, para pegar uma sacola de alimentos”, declarou.

O prefeito disse, ainda, que a ação do Ceagesp durou um dia, mas a administração municipal combate a fome “não um dia, para gerar imagens, mas todos os dias”.

Medidas efetivas

Além do lockdown radical, Araraquara adotou estratégias diferenciadas para combater a pandemia. Usou um antigo motel como unidade de quarentena, ou seja, para pessoas que não tinham condições de se isolar em casa; uma igreja como extensão da Unidade de Pronto Atendimento (UPA); começou a monitorar o esgoto do município, com o objetivo de descobrir quais regiões têm maior incidência do coronavírus; adotou barreiras sanitárias e deu início ao tratamento de pacientes com plasma contra Covid, em parceria com o Instituto Butantan.