Coronavírus: Número de contaminados pode ser maior do que o divulgado pelo governo

Secretarias estaduais somam 301 casos em todo o país, enquanto Ministério da Saúde trabalha com 234. Transmissão comunitária dificulta contagem e escassez de reagentes faz com que laboratórios deixem de fazer testes

Luiz Henrique Mandetta e Jair Bolsonaro (Foto: Erasmo Salomão/MS)
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A política do governo Jair Bolsonaro de divulgar a contabilização dos dados sobre o coronavírus diariamente às 16h pode mascarar a dimensão da propagação da doença no Brasil. Dados divulgados nesta terça-feira (17) pelas secretarias estaduais de saúde revelam que os dados do Ministério da Saúde estão subdimensionados.

Nas contas dos Estados já há em todo o país pelo menos 301 pessoas contaminadas pelo coronavírus, enquanto o Ministério da Saúde ainda trabalha com os 234 casos divulgados na tarde de ontem.

Em Sergipe, por exemplo, enquanto a secretaria estadual trabalha com 5 casos confirmados, a pasta federal de saúde contabiliza apenas 1. Em Pernambuco, segundo o governo estadual, o número de contaminados já chega a 18, enquanto a pasta comandada por Luiz Henrique Mandetta tem apenas 2 notificações registradas no unidade federativa.

Outra questão levantada por especialistas que conversaram com a Fórum é que com a transmissão comunitária em estados como São Paulo - que soma ao menos 152 infectados - e Rio de Janeiro - com 31 casos notificados - a dificuldade de se contabilizar o número real fica ainda mais difícil.

Testes deixam de ser feitos
Com baixos estoques de reagentes, os laboratórios de medicina diagnóstica também estão deixando de fazer exames.

Segundo reportagem do jornal Valor Econômico, já falta material para atender a demanda por testes e o grande receio é que não haja insumos, que são importados, para atender a população no momento de crise aguda da pandemia no país.

Alguns hospitais já tiveram o fornecimento de testes interrompido no último fim de semana.

Segundo o jornal, a maior rede de medicina diagnóstica do país e dona de bandeiras como Delboni, Sergio Franco, Alta Diagnóstica, a Dasa está perto de sua capacidade de produção e estoque, apesar de ter triplicado sua produção. A companhia enviou, ontem, comunicado aos médicos solicitando que eles que sejam seletivos nos pedidos de exame.

Desde o dia 26 de fevereiro, quando foi anunciado o primeiro caso positivo no país, o Hospital Albert Einstein, em São Paulo, fez 8 mil exames. O laboratório tem capacidade diária para realizar 3,5 mil testes e processa atualmente, 1,6 mil.