Deputado pedirá informações sobre suposta disputa entre governo do Amazonas e White Martins no fornecimento de oxigênio

Governo do Amazonas estaria em uma disputa comercial com a empresa White Martins para implantar nova empresa de oxigênio na cidade. Denúncia foi feita pelo presidente do Sindicato dos Médicos, Mário Vianna

Policiais cumprem mandado judicial para confiscar cilindros de oxigênio em Manaus (Divulgação/PM)
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O deputado federal José Ricardo (PT-AM) entrará com um questionamento junto ao governado do Amazonas, comandado por Wilson Lima (PSC), sobre uma suposta disputa com a empresa White Martins no fornecimento de oxigênio na cidade. Em denúncia feita no Fórum Café (assista abaixo, a partir d3 38 minutos) desta sexta-feira (15), o presidente do Sindicato dos Médicos do Amazonas, Mário Vianna, disse que o governo do Estado estaria numa disputa com a White Martins para implantar nova empresa de oxigênio na cidade.

"Há muita informação desencontrada, sobretudo em relação à capacidade de produção das empresas instaladas em Manaus, já que não tem apenas uma empresa. Eu estou pedindo informações no centro das indústrias e na federação sobre o volume produzido por essas empresas, sua capacidade de oferta e, diante da demanda que existe me Manaus - pois elas fornecem não só para o mercado local. E tem que ser apurado qualquer denúncia, principalmente que envolve relação entre empresa e estado quanto a eventuais dívidas, eventuais fornecimentos e favorecimentos em alguém ser favorecido neste momento tão dramático, com tanta gente perdendo a vida. Portanto, vamos questionar o próprio governo", disse José Ricardo à Fórum.

Segundo Vianna, há um interesse comercial em se levar para Manaus uma nova usina de oxigênio, que gerou uma disputa entre o governo do Estado e a White Martins. "E também tem uma história de que eles têm uma dívida de mais de R$ 50 milhões a receber. Aí fica difícil de se saber onde está a informação", disse.

Segundo o presidente do Sindicato dos Médicos, uma concessionária da White Martins, a Nitron, teria capacidade suficiente para abastecer a cidade.

"A última informação que eu tenho é que uma determinada empresa, a Nitron, que é uma concessionária da própria White Martins, diz que tem oxigênio suficiente para abastecer a cidade", afirmou.

Na terça-feira (12), a Unimed de Manaus acionou a Justiça após ter sido informada na terça-feira (12) pela Nitron da Amazônia de que seria suspenso o fornecimento do oxigênio hospitalar devido à falta do produto. Na ação, a operadora alegou que tem contrato com a Nitron desde junho de 2019 e que esta é “a única fonte que abastece os hospitais da Unimed de Manaus" com este gás.

Em decisão na quarta-feira (13), o juiz Cezar Luiz Bandiera, do Tribunal de Justiça do Amazonas (TJ-AM), obrigou duas empresas produtoras de gás medicinal - entre elas a Nitron - a manter o fornecimento de uma quantidade mínima do produto a um grupo de hospitais particulares de Manaus.

“Impende [cabe] destacar que a gravidade da situação atualmente vivenciada no nosso estado impõe uma conduta proativa de todos, especialmente daqueles envolvidos com a área de saúde, com vistas a combater a disseminação do vírus e fornecer o tratamento adequado aos contaminados”, diz o juiz na sentença. “A situação é periclitante, uma vez que eventual não atendimento de pacientes com covid-19 na rede particular por falta de insumos os levará à rede pública ou à morte por falta de atendimento”, acrescenta Bandiera, antes de determinar que a Nitron da Amazônia forneça todo o oxigênio medicinal contratado pela Unimed Manaus, sob pena de multas diárias de R$ 40 mil.

Um dia antes, Bandiera já havia atendido a um pedido de tutela de urgência parecido ajuizado pelo Hospital Santa Júlia, de Manaus, contra a empresa White Martins, instada a fornecer à unidade de saúde “quantidades suficientes” de oxigênio medicinal para atendimento aos pacientes.

Para o deputado federal Alexandre Padilha (PT-SP), ex-ministro da Saúde, o colapso em Manaus deixa evidente o fracasso da política quando a saúde é tratada como mercadoria.

"A tragédia de Manaus só mostra que qualquer sistema de saúde - seja bem consolidado ou frágil, como é o de Manaus - não suporta a irresponsabilidade de uma política que não prevê o distanciamento físico, as ações preventivas, o cuidado na atenção primária. Como acontece, estimulado pelo governo Bolsonaro. Quando o sistema de saúde entra em colapso, além de mostrar suas fragilidades, ficam evidentes os interesses e a ganância daqueles que só pensam a saúde como uma mercadoria, que só quem pode comprar ou vender deve ter acesso a ela. Por isso, a importância do SUS, o sistema público de saúde fortes, para evitar que a saúde seja essa mercadoria diante desse colapso que estamos vendo em Manaus", disse Padilha à Fórum.

https://youtu.be/_pRFB8nASbM

Com informações da Agência Brasil