Diretor-geral da OMS responde a Bolsonaro: os que nos ouviram estão em melhor situação hoje

Bolsonaro afirmou que não seguiria a OMS por Tedros não ser um médico. Ele é biólogo, mas com mestrado e doutorado em saúde pública

O diretor-geral da OMS, Tedros Ghebreyesus (Foto: Consenso Salud)Créditos: Consenso Salud
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O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Gebreysus, rebateu as críticas do presidente Jair Bolsonaro (Sem Partido-RJ), que insinuou na semana passada que não seguiria a OMS por Tedros não ser um médico.

De acordo com ele, os que seguiram os conselhos da OMS estão em melhor situação hoje, em comparação com aqueles que não escutaram. "Na OMS, só podemos dar conselhos. Não temos mandato para impor nada. Cabe a cada país aceitar ou não", disse. "Mas o que garantimos é que damos nossas orientações com base nas melhores evidências e ciência", disse.

"No dia 30, declaramos emergência global. Naquele momento, só existiam 82 casos fora da China. Nenhum caso na América Latina e nem na África. Nada. Portanto, o mundo deveria ter escutado a OMS cuidadosamente", disse.

Segundo Tedros, países poderiam ter iniciado suas medidas de preparação se tivessem ouvido. "isso é suficiente para entender a importância de escutar os conselhos da OMS", afirmou. "Quem seguiu está em melhor posição que outros. Isso é fato", insistiu Tedros.

"Damos a melhor recomendação possível. Cabe aos países aceitarem ou rejeitarem. É responsabilidade de cada um. Não temos poder de impor a vontade ao país. Espero que isso seja muito claro para todos os países", afirmou.

O diretor de operações da OMS, Michael Ryan, citou um aumento de 50% ou 60% de casos registrados no Brasil em uma semana. Segundo ele, o número de casos e mortes não pode ser o único critério para relaxar medidas de restrição.

Tedros, de fato, não é médico, é biólogo, mas com mestrado e doutorado em saúde pública, além de ter sido ministro da Saúde e contar com dezenas de especialistas ao seu lado.

Ele alertou ainda que, apesar da queda nos números do coronavírus na Europa, a entidade estima que existe um fenômeno importante de sub-notificações na América Latina. Segundo ele, a pandemia está "longe de terminar".

Com informações da coluna de Jamil Chade, no UOL