Dono de supermercado onde mulher foi assassinada em discussão sobre máscara coagiu funcionários a votarem em Bolsonaro

Apoiador de Bolsonaro, em 2019 Pedro Joanir Zonta também cortou publicidade na Globo devido aos "ataques" ao presidente. Funcionária da Rede Zonta foi morta por tiros dentro do supermercado

Pedro Joanir Zonta com Bolsonaro, Moro e Ricardo Salles (Montagem)
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Cenário da tragédia em que uma funcionária foi assassinada por tiros na tarde desta terça-feira (28) durante uma briga sobre o uso de máscara de proteção contra o coronavírus, o hipermercado Condor, da Rodovia do Xisto, faz parte da rede do empresário bolsonarista Pedro Joanir Zonta.

Zonta foi acusado em 2018 pelo Ministério Público do Trabalho (MPT), da Procuradoria-Geral do Trabalho e do Ministério Público Eleitoral (MPE) do Paraná, de coagir seus funcionários a votarem no então candidato Jair Bolsonaro.

Por meio de carta, Zonta apontava que votaria no candidato do PSL e elencava 11 motivos para justificar sua escolha e 11 para não votar “na esquerda”. Entre os tópicos, o empresário diz que Bolsonaro é “a favor da família”.

Para o MPT, o ponto polêmico da mensagem é o destaque à afirmação de “não haver corte no 13ª salário e nas férias dos empregados do grupo”, que é composto por 48 lojas no Paraná e em Santa Catarina.

“Nesta carta, fica o meu compromisso, com você meu colaborador hoje, de que não haverá de forma alguma, corte no 13º e nas férias dos colaboradores do grupo Condor”, diz Zonta, que completa em seguida: “Acredito no Bolsonaro, votarei nele e peço que confiem nele e em mim para colocar o Brasil no rumo certo”, diz o empresário bolsonarista.

Para evitar uma multa de R$ 100 mil, o empresário fez um acordo com o MPT, divulgando nova carta aos trabalhadores, desta vez afirmando que a sua rede “respeita as leis trabalhistas e os tratados de direitos humanos, e que não tolera a imposição ou direcionamento nas escolhas políticas dos empregados durante o processo eleitoral”.

Em novembro de 2019, Zonta também divulgou nota afirmando que decidiu suspender propagandas na TV Globo devido aos “ataques” dos jornais da emissora contra o presidente Jair Bolsonaro (PSL).

Na época, segundo informou a empresa por meio de nota, o boicote à Globo “limita-se aos programas jornalísticos nacionais, que são Bom Dia Brasil, Jornal Hoje, Jornal Nacional e Fantástico”. O Condor também afirma que o corte vale para as novelas “Malhação” e “das 21h”. Para a empresa, os programas contrariam “os princípios e valores familiares”.