O mundo foi surpreendido de tal maneira com a pandemia do coronavírus que, mesmo depois de quase um ano e meio, ainda existem várias dúvidas sobre a Covid-19 e fatores que se relacionam com a doença, como, por exemplo, as vacinas e sua capacidade de imunização.
Uma das questões que perturbam é por que algumas pessoas podem morrer de Covid, mesmo que tenham recebido as duas doses da vacina. É possível contrair e transmitir a doença, mesmo depois de 14 dias da aplicação da segunda dose, quando se completa o ciclo de imunização.
O médico e doutor em infectologia, Marcos Caseiro, explica que não há imunizante no mundo que proteja 100%. “As vacinas que apresentam os melhores índices, nesse momento, são a Pfizer e a Moderna, que protegem cerca de 95%”.
No entanto, Caseiro menciona um fator determinante para que alguém que tenha sido imunizado possa não resistir ao vírus: “Em toda a vacina há uma quantidade pequena de pessoas que não produz anticorpos, por questões individuais, idiossincráticas. Por isso, é fundamental adotar a lógica de promover vacinação em massa, para chegarmos à imunização coletiva. Não gosto da palavra rebanho”.
Segundo o infectologista, essa imunização coletiva é importante porque, dessa forma, é possível garantir um número significativo de pessoas vacinadas.
“É o que chamamos de cobertura vacinal. Com isso, mesmo àquelas pessoas nas quais a vacina não teve pega ou, eventualmente, às que não foram vacinadas, estariam protegidas indiretamente”, relata.
Variantes virais
“Associada a esse fator, temos a circulação de variantes virais. Sabemos que as vacinas não produzem proteção de 100%, também para as variantes. Tudo isso mostra que o fato de a pessoa estar vacinada, não indica que esteja completamente imune. Por isso, mesmo com as duas doses é preciso continuar usando máscara, até que tenhamos uma imunidade coletiva bastante elevada”, explica Caseiro.
Outro aspecto destacado pelo médico é sobre a questão de alguns indivíduos não produziram imunidade. Isso está ligado a diversos fatores, entre eles, a idade.
“Conforme vão ficando mais velhas, as pessoas têm o que chamamos de imunossenescência, o que representa uma diminuição na resposta imunológica. Por isso, os indivíduos mais idosos têm uma resposta imune menos efetiva dos que os mais jovens”, ressalta Caseiro.
Sem UTI
O infectologista faz questão de deixar claro que a vacinação é imprescindível. Ele menciona o caso da CoronaVac, por exemplo.
“No caso, 51% das pessoas que se vacinarem não pegam o vírus. A Pfizer e a Moderna apresentam 95%. Essas são chamadas vacinas esterilizantes, ou seja, a pessoa não pega como também não passa o vírus. Com a CoronaVac, 51% não pegam, mas 49% podem pegar. No entanto, se pegar será uma doença mais leve: 70% desses não precisam internar, não passam nem no médico, e 100% não evoluem para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI), que é o fundamental”, completa.
Ou seja, a importância da vacinação não está no fato de evitar totalmente que o indivíduo seja atingido pela doença. Contudo, as chances de internação, intubação e morte caem exponencialmente.