Edital do Mais Médicos para coronavírus exclui cubanos e brasileiros formados no exterior

Médicos brasileiros formados no exterior lançam nota de repúdio e dizem que edital anunciado por governo Bolsonaro não resolverá o déficit de profissionais

Foto: Marcos Corrêa/PR
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O novo edital do programa Mais Médicos anunciado esta semana pelo governo de Jair Bolsonaro, como forma de auxiliar na contenção e tratamento do coronavírus, consta a contratação apenas de médicos com formação em universidades brasileiras e com registro no Conselho Regional de Medicina (CRM). Desta forma, o edital exclui brasileiros graduados no exterior e estrangeiros, como os cubanos.

O anúncio do novo edital foi feito nesta quinta-feira (12) pelo Ministério da Saúde, logo após os casos de coronavírus ultrapassarem 70 no país. A pasta disse que vai investir R$1,2 bilhões no programa para contratação de mais de 5 mil profissionais.

Contudo, a restrição do edital fez com que médicos brasileiros graduados no exterior lançassem uma nota de repúdio pela exclusão e dizendo que se colocam à disposição do Ministério da Saúde para reforçar os atendimentos aos infectados por coronavírus.

"Excluídos de Edital emergêncial pelo Coronavírus, Médicos Brasileiros Graduados no Exterior se declaram ”Filhos da Pátria" e se colocam à disposição do Ministério da Saúde (MS) para reforçar os atendimentos na Atenção Primária caso não sejam preenchidas todas as 5811 vagas previstas", diz o texto.

Os médicos alertam ainda que o edital anunciado pelo governo Bolsonaro não resolverá o "gigantesco déficit de médicos na atenção básica do país" e apontam como consequência uma possível complicação do coronavírus.

A nota lembra ainda que parte dos médicos com graduação no exterior trabalharam em editais anteriores do programa e têm especialização em "Medicina de Família com ênfase em Saúde Pública" pelas universidade federais brasileiras.

Criado em 2013 pelo governo de Dilma Rousseff para levar profissionais de saúde a regiões remotas e vulneráveis do país, o programa contou com a participação de médicos cubanos e sempre foi demonizado por Jair Bolsoanaro. No início de seu governo, as críticas do presidente fizeram Cuba encerrar o contrato com o Brasil e o programa foi completamente destruído, deixando inúmeras regiões do país sem médicos.