Editorial do Estadão diz que se general Pazuello tivesse “coragem moral” teria pedido demissão

“Foi necessário afastar dois titulares da Saúde para que Bolsonaro finalmente encontrasse um ministro subserviente o bastante”, diz ainda o texto

O ex-ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello (Foto: Divulgação)
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O jornal O Estado de S.Paulo publicou editorial, nesta terça-feira (9), onde afirma que se o general Eduardo Pazuello, ministro interino da Saúde, tivesse “coragem moral”, teria pedido demissão ao receber a ordem para esconder os números relativos à pandemia de covid-19.

O jornal diz que o general, ao receber a ordem para esconder os números relativos à pandemia de covid-19 deveria ter pedido demissão. “Ao permanecer no cargo e cumprir a absurda determinação, Pazuello não apenas colaborou para desmoralizar ainda mais o Ministério da Saúde, como danificou a imagem das Forças Armadas, já que é militar da ativa e apresentado pelo presidente Bolsonaro como um dos sustentáculos militares de seu governo. Se não é, deveria deixar isso claro”.

De acordo com o Estadão, “foi necessário afastar dois titulares da Saúde para que Bolsonaro finalmente encontrasse um ministro subserviente o bastante para transformar essa teoria da conspiração em política de governo”. 

“Ao maquiar os dados, o presidente Bolsonaro e seus serviçais no Ministério da Saúde atentam contra as regras básicas de transparência da administração pública. Sem a publicidade ampla e integral de informações produzidas pelo Estado, a democracia não se realiza, pois a manipulação de dados compromete a capacidade dos cidadãos de exercer o controle público da administração”, afirma o texto.

O Estadão lembra ainda frase do ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes: “‘a manipulação de estatísticas é manobra de regimes totalitários’ e, portanto, é preciso ‘parar de brincar de ditadura’ no Brasil”.

Ao final, o texto chama a atenção para as manifestações do último domingo: “A firme reação da sociedade ante as patranhas do governo Bolsonaro em relação à pandemia coincide com o início de um movimento de defesa da democracia, que no domingo passado, a despeito da necessidade de manter o isolamento social, levou milhares de pessoas às ruas, em protestos pacíficos. Para o governo, esses cidadãos cansados do embuste bolsonarista são ‘terroristas’”.

E encerra: “Um governo que vive de enganar os cidadãos e de criminalizar a oposição não é democrático e deve ser denunciado com o maior vigor, mesmo diante das limitações sanitárias impostas pela pandemia. A coragem moral que falta a alguns no governo sobra entre os brasileiros de bem – maioria absoluta da população”.