O escândalo da compra da Covaxin pelo governo de Jair Bolsonaro, suspensa nesta terça-feira (29), tem mais tentáculos do que se imagina. A Precisa Medicamentos começou a faturar com as vendas da vacina indiana para clínicas privadas ainda em janeiro.
Portanto, isso acontecia antes, ainda, da assinatura do contrato firmado entre a empresa e o governo e, também, de obter autorização de importação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). As informações são da coluna de Mônica Bergamo, na Folha de S.Paulo.
O acordo com o setor privado foi acertado um mês antes do contrato da Precisa com o Ministério da Saúde.
O esquema foi denunciado por uma ação movida pela Clínica de Vacinas MDC, de Porto Alegre (RS), que chegou a gastar R$ 66,4 mil da primeira parcela da compra dos imunizantes e não recebeu uma dose sequer até agora. A clínica está processando a Precisa para ter o dinheiro de volta.
Na ação, a MDC afirma que foi procurada pela Precisa no final de janeiro. Neste momento, assinou contrato para a compra de 3 mil doses da Covaxin, por US$ 40,28 a unidade, equivalente, à época, a R$ 664 mil.
Outro contrato
O acerto foi feito baseado em um outro contrato, firmado entre a Precisa e a Associação Brasileira de Clínicas de Vacinas (ABCVAC). Este previa que a Precisa venderia, com prioridade, 5 milhões de vacinas aos associados da entidade, como a MDC.
Os senadores da CPI do Genocídio pretendem apurar o apoio do governo à iniciativa privada, ao mesmo tempo em que atrasava a compra dos imunizantes para a rede pública.