Entre a formação médica, na defesa de uma postura técnica, e a atuação política, em prol da tese ideológica de Jair Bolsonaro, Luiz Henrique Mandetta (DEM-MS) resiste em deixar o Ministério da Saúde diante da pandemia de coronavírus e da decisão do presidente, de suspender o confinamento das pessoas para achatar a curva de expansão da Covid-19 no Brasil.
Pressionado pelo seu partido, o DEM, e pelo governador Ronaldo Caiado (DEM), de Goiás, que o indicou ao cargo, Mandetta ainda não deu declarações sobre o pronunciamento e a nova postura adotada por Bolsonaro, que tem sido alvo de críticas de especialistas, governadores e políticos por ir contra as determinações da Organização Mundial da Saúde.
Pela manhã, Mandetta participou ao lado de Bolsonaro da videoconferência com governadores dos estados do Sudeste. O ministro presenciou o bate boca entre o presidente e o governador de São Paulo, João Dória, mas evitou se posicionar sobre o embate, que se deu justamente pelas críticas do tucano às declarações de Bolsonaro.
Aliados do ministro dizem que ele vai resistir a pedir demissão do cargo e deve adotar a estratégia de “sair pela tangente”, tentando apresentar dados sobre locais que desistiram de medidas mais flexíveis para conter a crise, como o Reino Unido.
Mandetta, no entanto, já teria demonstrado cansaço pela queda de braço com Bolsonaro, que teme que a saída do ministro gere uma crise ainda maior no governo.
Até o momento, a leitura é de que mesmo se o governo adotar o “isolamento vertical”, a medida tem de ser posta com muito cuidado e forte estratégia de comunicação.
Na tarde desta quarta-feira, Mandetta deve se reunir com secretários estaduais de saúde, enquanto os 27 governadores farão uma videoconferência para tomar decisões em relação à postura de Bolsonaro frente à pandemia.