Embaixador do Brasil na Índia avisou Bolsonaro sobre escândalo da Covaxin

O governo ignorou o alerta de André Aranha Corrêa do Lago e continuou com a negociação para a compra da vacina indiana

André do Lago - Foto: Reprodução/YouTube
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O escândalo da compra da Covaxin pelo governo ganha cada dia mais um ingrediente, que reforça a implicação de Jair Bolsonaro no caso. André Aranha Corrêa do Lago, embaixador brasileiro na Índia, avisou oficialmente o presidente que a vacina estava tendo um “processo alegadamente opaco de autorização para uso emergencial” naquele país. As informações são do The Intercept.

De acordo com a reportagem, “o governo ignorou o alerta de André Aranha Corrêa do Lago e continuou com a negociação”.

“O governo já havia empenhado o dinheiro em uma negociação atípica: em vez de negociar direto entre Ministério da Saúde e laboratório, os contatos estavam sendo feitos com intermediários. O pagamento foi bloqueado no último minuto pelo servidor do Ministério da Saúde Luis Ricardo Miranda, que disse ter desconfiado de um esquema de corrupção”, destaca a reportagem.

Entre os contratos firmados para aquisição de vacinas, o da Covaxin é o único que tem intermediário. O presidente da Precisa Medicamentos, Francisco Emerson Maximiano, que fazia a negociação no Brasil, iria depor à CPI do Genocídio na quarta-feira (23). Porém, não compareceu. Sua defesa alegou que ele estava em quarentena.

O servidor que denunciou o esquema à CPI, junto com seu irmão, o deputado federal Luis Miranda (DEM), foi bloqueado pelo sistema do Ministério da Saúde, neste domingo (27).

Ele é servidor de carreira e está sendo perseguido pelo governo Bolsonaro depois das denúncias. O presidente, inclusive, acionou a Polícia Federal (PF) contra os irmãos.

Superfaturamento

O contrato entre o Ministério da Saúde e a empresa Precisa, representante do imunizante indiano no Brasil, previa compra superfaturada do produto.

O mais novo escândalo de corrupção no governo Bolsonaro envolve, ainda, o pagamento antecipado de US$ 45 milhões à Madison Biotech, empresa de Singapura, que, conforme os senadores da CPI do Genocídio, é de fachada.