Consultor pessoal de Angela Merkel e de governos com viés mais progressista na Europa e autor do livro "A Terceira Revolução Industrial: Como o poder lateral está transformando a energia, a economia e o mundo", Jeremy Rifkin afirma em entrevista à BBC que a pandemia do coronavírus coloca a humanidade diante da ameaça de extinção.
"Devemos assumir que estamos em uma nova era. Se não fazermos [uma mudança], haverá mais pandemias e desastres naturais. Estamos diante da ameaça de extinção", diz Rifikin.
O escritor, no entanto, afirma que não parece haver um consenso entre governos e instituições sobre o futuro da Terra.
"Nada voltará a ser normal. Esta é uma chamada de alarme em todo o planeta. O que precisamos agora é construir infraestruturas que nos permitam viver de uma forma diferente", diz ele que acredita que dois fatores desencadeiam os desastres naturais, compreendidos de forma ampla, com pandemias, incêndios, furacões e inundações, que se acirram conforme a temperatura da Terra sobe e os seres humanos arrasam o planeta com seu modo de produção linear.
"Há dois fatores que podemos considerar: as mudanças climáticas provocam o movimento populacional e de outras espécies vivas. O segundo é que a vida aninal e humana mudam a partir das consequências dessas mudanças climáticas e, portanto, levam os vírus juntos".
Fim da Globalização
Segundo Rifkin, a globalização, como foi anunciada, chegou ao fim, e devemos pensar em termos de "glocalização", um misto de pensamento global com ações locais, que ainda não faz parte da visão dos líderes mundiais na atualidade.
"Temos que repensar a maneira como organizamos nossa economia, nossa sociedade, nossos governos, para que possamos mudar a forma de ser no planeta. Temos criado uma civilização baseada no uso dos combustíveis fósseis. Temos utilizado tanto os recursos que agora estamos recorrendo ao capital da Terra, em vez de obter benefícios dela. Estamos usando uma Terra e meia quando só temos uma. Temos consumido 60% da superfície do solo do planeta, que está desaparecendo e demorará milhares de anos para recuperação".