Estudante da USP com coronavírus diz que foi alvo de deboche ao procurar Hospital Universitário

Em relato enviado por WhatsApp a colegas do curso de Geografia, aluno conta que uma das médicas disse a ele que pessoas estão "surtadas" com a doença

Vista interna do prédio da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH/USP) Foto: Marcos Santos/USP Imagens
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A Universidade de São Paulo (USP) confirmou nesta quarta-feira (11) o primeiro caso de cornavírus em um de seus estudantes. Trata-se de um aluno do curso de Geografia que foi infectado pela ex-esposa que viajou à Itália. O aluno mandou um relato aos colegas pelo WhatsApp para contar como foi o processo de diagnóstico e pedir precaução a quem frequentou as mesmas aulas que ele nas últimas semanas.

Thiago conta que a ex-esposa voltou de viagem no dia 27 de fevereiro sem apresentar sintomas. Os dois tiveram contato logo no retorno da viagem e, poucos dias depois, a mulher começou a se sentir mal. Com isso, ambos foram até o Hospital Universitário da USP, no Butantã, para solicitar o teste do coronavírus.

Chegando ao hospital, o aluno diz que funcionários foram lenientes no atendimento, mesmo com a insistência do estudante de que a ex-esposa poderia estar com coronavírus. Há o relato de que uma das médicas agiu com "deboche" e riu da paciente.

"A primeira médica que nos atendeu agiu com total deboche e pouco caso -chegou a rir da gente. Atendeu a gente sem máscara - isso porque ela estava no plantão da emergência do HU - nem encostou nela (ex-esposa) e disse que as pessoas 'estão surtadas' com o coronavirus", conta.

"Insistimos e ela simplesmente nos deu as costas e saiu andando. Fomos até a ouvidoria do HU solicitar que alguém nos atendesse. Após muita insistência, a chefe do plantão pediu que nos dirigíssemos a uma sala que ela nos atenderia. Após o atendimento, ela disse que os sintomas não eram plenamente compatíveis com o corona e que provavelmente era só uma coincidência".

Neste primeiro atendimento, a médica disse a Thiago que ele não precisava se preocupar, que poderia assistir às aulas e trabalhar normalmente, sem a necessidade de uso de máscara. Contudo, poucos dias depois, o aluno começou a manifestar os primeiros sintomas da doença.

"Tudo mudou na quinta de manhã quando acordei com febre e com a garganta ardendo. Fui imediatamente ao HU e informei sobre a situação. Apenas neste momento o meu caso foi tratado com o devido protocolo. Fui colocado em uma sala isolado e um médico e uma residente vieram me atender com toda aquela roupa como se eu fosse um objeto radioativo - o procedimento correto. A médica residente falou que os meus sintomas eram compatíveis com o corona e fez a coleta para o exame. Apenas neste momento recebi a orientação de ficar em casa e recebi um atestado que me afastava do trabalho por 10 dias", explica.

Thiago também conta que entrou em contato com a Vigilância Sanitária de Pinheiros para que informasse à USP sobre as medidas de precaução que deveriam ser tomadas. "Espero também ansiosamente que, depois que tudo isso passar, possa levar minha vida normal", finaliza.

A Fórum tentou entrar em contato com o Hospital Universitário da USP, mas não obteve retorno até então. A universidade já informou que vai manter normalmente as atividades didáticas e administrativas do campus Butantã, conforme orientação da autoridade sanitária.

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