Ex-ministro da Saúde diz que Brasil caminha para 500 mil mortos por Covid-19 em até 3 meses

"Teremos uma explosão descontrolada. É uma situação que exige medidas mais drásticas", defende Arthur Chioro

Arthur Chioro (Reprodução)
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O médico sanitarista e ex-ministro da Saúde durante o governo de Dilma Rousseff (PT), Arthur Chioro, afirmou em entrevista ao Fórum Onze e Meia, nesta quarta-feira (3), que o Brasil deve passar dos 500 mil mortos por Covid-19 em dois ou três meses.

O ex-ministro da Saúde lembrou de um estudo divulgado em março de 2020 - início da pandemia no Brasil - pela universidade britânica Imperial College. O artigo apresentava projeções do número de óbitos em diversos países do mundo.

"Se o Brasil tivesse feito a lição de casa, ainda assim nós teríamos 44 mil mortes. No pior cenário, chegaríamos a 1,1 milhão de óbitos", comentou o médico.

A projeção que Chioro faz para os próximos meses se baseia no avanço do número de óbitos nos últimos meses. O ex-ministro apontou o rápido crescimento de vítimas fatais da doença entre o final do ano passado e começo deste ano.

"Nós estamos transitando rapidamente para um cenário em que passaremos, nos próximos dois ou três meses, 500 mil mortos no país. Nós fechamos o ano de 2020 com cerca de 180 mil mortos, e estamos com 260 mil. Teremos uma explosão descontrolada, é uma situação que exige a adoção de medidas mais drásticas", defendeu Chioro.

"Na atual situação, o isolamento adotado em alguns lugares, em que as coisas fecham 22h e abrem às 5h ou 6h, não dão conta de conseguir frear a alta exposição nos meios de transporte de massa, de uma população que não está protegida, ou nos ambientes de trabalho", completou.

No dia em que o Brasil bateu recorde no número de mortes pela Covid-19 – com 1.641 em 24 horas (1.726, segundo consórcio de imprensa) -, Jair Bolsonaro (Sem Partido) se eximiu da culpa pelos 257.361 brasileiros que foram vitimados pela doença e relativizou o avanço da pandemia no país.

O mandatário afirmou a apoiadores, ao chegar no Palácio da Alvorada no fim da tarde desta terça-feira (2). que “há outros países, com IDH, renda e orçamento melhor do que o meu que tem mais gente morrendo por milhão de habitantes”.

Confira a entrevista completa:

https://www.youtube.com/watch?v=2Y23f6SWV_Y