"Fake news influenciaram muito no controle da pandemia", diz diretor da Associação Médica Brasileira

Para 90% dos profissionais de saúde, as notícias falsas impactaram no dia a dia de atendimento ao paciente. Principal preocupação é com movimento antivacina

Foto: Agência Pará/Arquivo
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Para o diretor acadêmico da Associação Médica Brasileira (AMB), Clóvis Constantino, as fake news criadas durante a pandemia do coronavírus influenciaram muito no controle da doença no Brasil. A principal preocupação dos profissionais, segundo o médico, é com relação ao movimento antivacina.

"As fake news relacionadas às vacinas, principalmente os movimentos antivacina, atrapalham muito [o dia a dia do médico], principalmente porque deixam a população em dúvida", contou Clóvis à Fórum.

"Isso traz ao médico um desgaste muito grande tentando mostrar às pessoas que aquilo não é verdadeiro, que não tem nenhum fundamento médico. Atrapalha muito a vida do médico e principalmente dos cidadãos", completou.

Segundo pesquisa da associação, a quase totalidade de médicos no Brasil acredita que as fake news sobre a Covid-19 impactaram negativamente no atendimento aos pacientes. Segundo levantamento realizado pela AMB e divulgado na terça-feira (2), 91,6% dos pesquisados citam a interferência de notícias falsas.

"É um conjunto. Notícias falsas sobre vacinas, colocações que drogas tratariam Covid-19. Tudo isso é totalmente inverídico do ponto de vista científico. Gostaríamos que existisse, mas não existe nada até agora", desabafou o médico sobre a ausência de remédios para tratar a doença.

"As pessoas criam essas fake news de maneira hábil tentando mostrar que isso funciona. Acabam aderindo às fake news e com essa ilusão se descuidam do que realmente funciona. Isso influencia muito no controle da pandemia", completou.

Outro dado que chama atenção na pesquisa da AMB é em relação à alta desaprovação do Ministério da Saúde, em especial do ministro Eduardo Pazuello. O general é desaprovada por 78,5% por médicos entrevistados no levantamento.

Para Clóvis Constantino, o principal motivo da desaprovação de Pazuello e do Ministério da Saúde está justamente na postura em relação à vacinação contra a Covid-19.

"Nós já deveríamos estar com tudo pronto. Muitos países fizeram isso na frente porque havia gestores competentes, aqui não. Não se deu a devida importância na pandemia, e é evidente que quem deveria ter controlado tudo isso deveria ter feito isso era o Ministério da Saúde, e isso não aconteceu de forma efetiva e em tempo hábil", criticou o médico.

"Trata-se de uma crítica absolutamente fundada", completou Clóvis sobre a desaprovação dos médicos em relação ao governo.

Para 52,3% dos entrevistados na pesquisa, o Ministério da Saúde teve uma atuação ruim na pandemia. Para 21,5% a pasta teve uma atuação boa, enquanto 26,2% consideram regular.