A postura de Jair Bolsonaro diante da pandemia do coronavírus, ao defender o fim do isolamento social e classificar as medidas restritivas como "exageradas", tem encontrado cada vez mais resistência dentro do próprio governo.
Na tarde desta quinta-feira (2), Bolsonaro conversou com um grupo de apoiadores na porta do Palácio da Alvorada e seguiu criticando as políticas de isolamento impostas por prefeitos e governadores, as classificando como "radicais". "O corpo está doente, vamos dar o remédio. Se for 3 ou 4 vezes a dose a mais, é veneno. E é o que o governador fez em São Paulo, é veneno", afirmou o capitão da reserva.
O presidente, na mesma conversa com apoiadores, ainda chegou a dizer que a pandemia "não é tudo isso que estão pintando", ainda na tentativa de minimizar o problema e justificar sua defesa pela "volta à normalidade".
Enquanto isso, o vice-presidente Hamilton Mourão estava dando entrevista ao canal BTG Pactual, da revista Exame, encampando um discurso completamente oposto ao do presidente: defendendo a continuidade do isolamento social que vem sendo adotado por governos estaduais.
De acordo com Mourão, o isolamento é necessário pois o Brasil ainda sequer chegou no seu pico de infecções da Covid-19 que, para ele, será no final de abril.
"O que ainda está acontecendo hoje é que o vírus entrou no Brasil por meio de pessoas que viajaram no exterior, que são ligadas às classes mais favorecidas. E ainda está assim. Estamos no momento pré-pico da doença", afirmou.
Segundo o vice-presidente, o isolamento social deve ser mantido “no sentido de passarmos por esse mês de abril, em que se espera que o pico diminua, e alcancemos o achatamento da curva”.