Governo confirma 525 mortes por Covid-19 em 24h e contraria secretarias estaduais

A falta de transparência na divulgação dos dados chamou atenção até mesmo da Organização Mundial da Saúde

General Eduardo Pazuello - Foto: Anderson Riedel/PR
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O Ministério da Saúde, comandado pelo general Eduardo Pazuello, confirmou nesta segunda-feira (8) que vai contabilizar oficialmente 525 mortes por coronavírus nas últimas 24h, contrariando um primeiro balanço divulgado pela própria pasta e por secretarias de Saúde.

Segundo o ministério, foram corrigidas "duplicações" que estariam presentes no levantamento divulgado às 20h37. A primeira atualização de domingo trazia 12.581 novos casos e 1.382 óbitos por coronavírus no país em 24 horas.

Em seguida, o site oficial da pasta passou a divulgar um número de óbitos bastante inferior: 525. A divergência despertou críticas por falta de transparência, principalmente após o governo brasileiro tirar da plataforma do coronavírus o número total de mortos e infectados.

Segundo o Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (Conass), que decidiu lançar um levantamento à parte, foram  1.113 mortos em todo o país até as 18h de domingo.

OMS e Rodrigo Maia

Entre os que criticaram o governo Bolsonaro pela falta de transparência estão a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM).

“É muito importante que mensagens sobre transparência sejam coerentes, para que possamos confiar nos nossos parceiros. É mais importante ainda para os cidadãos, que precisam entender como lidar com o vírus”, disse Michael Ryan, diretor do programa de emergências da OMS, ao ser questionado sobre o Brasil.

Já Maia afirmou que Jair Bolsonaro “brinca com a morte” ao “torturar” números do coronavírus. “Brincar com a morte é perverso. Ao alterar os números, o Ministério da Saúde tapa o sol com a peneira. É urgente resgatar a credibilidade das estatísticas. Um ministério que tortura números cria um mundo paralelo para não enfrentar a realidade dos fatos”, tuitou.