HC suspende realização de transplantes renais após contágio de pacientes pelo coronavírus

Área para tratar Covid-19 é isolada, mas profissionais assintomáticos podem transmitir para outros pacientes

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O Hospital das Clinicas de São Paulo (HC) suspendeu a realização de transplantes renais devido à contaminação de pacientes pelo coronavírus. O hospital acredita que profissionais assintomáticos podem estar transmitindo acidentalmente a Covid-19 para os pacientes. O HC reorganizou os seus atendimentos para tratar os pacientes com Covid-19 ao isolar o Instituto Central (IC) e reservar seus leitos para os que estão contaminados pelo coronavírus. Os outros serviços foram reorganizados nos outros institutos do hospital, e o Serviço de Transplante Renal foi levado para o Instituto do Coração (Incor). A regulamentação imposta é de que os profissionais que trabalham no tratamento de pacientes com Covid-19 não passem por outros institutos, mas os pacientes internados para receber transplante de rins no Incor começaram a receber diagnóstico da doença. A transmissão provavelmente ocorre a partir de profissionais assintomáticos que entram em contato com o paciente. "Nós sequer entramos no IC, mas os demais médicos e auxiliares de enfermagem, fisioterapeutas circulam em outros hospitais", disse Elias David Neto, chefe do Transplante Renal do HC, em uma live mediada pela ABTO (Associação Brasileira de Transplante de Órgãos). "Cessamos a atividade de transplantes até que nós entendamos como está acontecendo a contaminação desses pacientes que chegam negativos e que viram positivos", afirmou Neto. Ele disse que, para lidar com a situação, seria necessário aplicar testes para coronavírus do tipo RT-PCR, que tem resultado mais preciso, todos os dias, o que é impossível. Neto considerou que uma possibilidade seria fazer testes de sorologia, que têm maior disponibilidade, e liberar profissionais imunizados. "Existe alguma forma de contaminação que a gente não sabe. Todo mundo usa máscara e luva. Não está usando avental, touca e macacão porque nem sei se tem para todos", disse Neto. A falta de Equipamentos de Proteção Individual (EPI) e má qualidade dos existentes preocupa os profissionais justamente por aumentar o risco de infecção, e já foi denunciada. As cirurgias estão temporariamente suspensas e, segundo o HC, "deverão ser retomadas após nova avaliação da comissão de infecção".