Indígenas do Equador temem extermínio por Covid-19: "Não queremos que a história se repita"

Entre os siekopai, etnia com 744 integrantes, há 15 casos confirmados do vírus. Dois líderes idosos morreram nas últimas semanas

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Escrito en CORONAVÍRUS el

Com o aumento no número de infectados por coronavírus, indígenas siekopai, do Equador, temem um extermínio próximo de sua população. Para evitar novos contágios, muitos têm optado por migrar de território dentro do país, onde quase 1.600 pessoas já morreram por conta da doença.

Entre os siekopai, comunidade com 744 integrantes e que fica na fronteira entre o Equador e o Peru, há 15 casos confirmados do vírus. Dois líderes idosos morreram nas últimas duas semanas depois de apresentar sintomas da Covid-19.

De acordo com o chefe da comunidade, Justino Piaguaje, indígenas chegaram a procurar centros médicos em cidades próximas à aldeia ao manifestarem sintomas da doença. No entanto, médicos disseram que eles estavam apenas com uma "gripe forte".

"Nós mal chegamos a 700. Fomos vítimas desse tipo de doença no passado, e hoje não queremos que a história se repita", afirmou Piaguaje em reunião realizada por meio de uma rede social na segunda-feira (4).

"Não queremos nosso povo dizendo que havia 700 de nós e agora há 100. Que escândalo seria para o governo equatoriano nos deixar com uma história tão triste em pleno século 21", continuou.

Os siekopais que permaneceram em seu território, na província de Sucumbios, estão recorrendo a remédios homeopáticos para lidar com problemas respiratórios, disse Piaguaje.

No Peru, povos indígenas apresentaram uma queixa formal à Organização das Nações Unidas (ONU) no fim de abril, afirmando que o governo os deixou por conta própria na luta contra o coronavírus, criando o risco de etnocídio por falta de ação.