Infectologista Caseiro diz que Queiroga é "capacho": "Não tem um ser pensante no ministério?"

Para Marcos Caseiro, suspensão da vacinação de adolescentes "é absolutamente equivocada e vai fazer com que a pandemia se mantenha"

Marcos Caseiro e Marcelo Queiroga | Montagem
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O infectologista Marcos Caseiro condenou a decisão do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, de suspender a vacinação de adolescentes de 12 a 17 anos sem comorbidades. Em coletiva de imprensa, o ministro falou em um suposto óbito - sem relação comprovada com a imunização - para defender a suspensão da vacinação. O argumento, no entanto, foi muito contestado.

Para Caseiro, a situação mostra a incompetência do ministro da Saúde e a submissão dele a Bolsonaro. "A questão é muito simples: esse ministro é um capacho. Aliás, todos eles, porque para ser ministro desse governo só sendo um serviçal, capacho do Bolsonaro. Além disso, ele é desqualificado em termos científicos. Será que não tem um ser pensante nesse ministério?", disse à Fórum.

"Vacina é um projeto coletivo, você tem que vacinar um número x para ter imunidade coletiva. Se você não vacinar os jovens, ainda que esteja correto que seja menos letal entre jovens, o vírus vai ficar circulando nessa população e volta a contaminar os adultos. A vacina tem como lógica diminuir o vírus circulante. Por isso, tem que vacinar todo mundo", explicou.

"Se vacinar só adulto, o vírus acaba voltando pros adultos. A imunidade cai. Esses caras são desqualificados, não conhece medicina, ciência, nunca estudaram... Então, essa decisão é absolutamente equivocada e errada. A única justificativa é porque não tem vacina. É uma decisão equivocada que vai fazer com que a pandemia se mantenha. É mais uma desse desgoverno, desse governo genocida", completou Caseiro sobre Queiroga.

Críticas a Queiroga

À Fórum, o deputado federal Alexandre Padilha (PT-SP), ex-ministro da Saúde, fez uma avaliação similar à de Caseiro. Para ele, o que o Ministério vai fazer é parar a vacinação de adolescentes para pegar as vacinas que iriam para esse grupo e imunizar idosos com a terceira dose.

"Ou seja, ele bloqueia a possibilidade de usar CoronaVac sem vacinas, deixando parcela da população vulnerável, para correr atrás da falta de planejamento”, afirmou. Padilha disse ainda que "desde o começo deveriam estar preparados para as doses de reforço”.

O coordenador do Comitê Científico de Combate ao Coronavírus do Governo de São Paulo e ex-secretário do Ministério da Saúde, João Gabbardo, também reagiu.

Em entrevista à âncora Daniela Lima, da CNN Brasil, Gabbardo disse que ficou “chocado” com a coletiva de Queiroga e disse ainda que a postura do ministro serve a um “plano sórdido para desmoralizar as vacinas”.