Mandetta defende "algumas interrupções" para evitar "colapso" por coronavírus

"Com toda certeza, o mal que pode ocasionar esse congestionamento [da economia] pode ser até maior do que o do vírus que está aí", disse Bolsonaro

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"Estamos em uma sustentação nacional", afirmou o ministro da Saúde, Henrique Mandetta, em reunião com empresários na tarde desta sexta-feira (20) ao alertar sobre a necessidade de articular medidas mais firmes contra o avanço do novo coronavírus.

"A gente deve entrar em abril e iniciar a subida rápida. Essa subida rápida vai durar o mês de abril, o mês de maio e o mês de junho, quando ela vai começar a ter uma tendência desaceleração. Em julho ela vai começar a ter o seu platô e em agosto esse platô vai ter queda e em setembro vai ter uma queda profunda", relatou o ministro ao empresários.

Mandetta destacou que esse cenário é o previsto pelo "mundo ocidental", mas que o sistema de saúde do Brasil é um "ponto forte" que ajudaria na resistência sobre o vírus. No entanto, afirmou que "no final de abril esse sistema entra em colapso".

Segundo ele, "colapso" não é sinônimo de caos e é possível de ser evitado caso sejam tomadas medidas restritivas, como uma quarentena de, por exemplo, 14 dias.

"Quando a gente toma uma medida de segurar 14 dias, por exemplo, o impacto só é sentido 28 [dias] depois. A gente está modelando para ver se trabalhamos com algumas interrupções. Caminhando um pouco, parando um pouco", relatou. "Mais difícil que fechar é saber quando reabrir", completou.

Mandetta disse que as conversas são travadas por ele com o ministro da Economia, Paulo Guedes, e com o chefe da Casa Civil, Braga Neto "sob o comando do presidente".

"Tenho certeza que a questão econômica é dramática pro nosso país. Tenho muita responsabilidade perante a parte econômica. Não imaginem eu fazendo nenhuma pirueta. Nós vamos passar isso juntos", disse Mandetta.

Histeria

Bolsonaro mais uma vez demonstrou que sua preocupação com a economia é maior que com o próprio vírus, usando mais uma vez a palavra "histeria". "Eu como estadista tenho falado ao Brasil: não podemos entrar em pânico. Temos que tomar as medidas sem histeria", afirmou.

"Com toda certeza, o mal que pode ocasionar esse congestionamento [da economia] pode ser até maior do que o do vírus que está aí, que é o que temos que combater agora", disse o presidente.

Lula

A declaração de Bolsonaro é diametralmente oposta à do ex-presidente Lula, que pregou maior participação do Estado na crise do novo coronavírus e defendeu que "depois que salvar o povo a gente discute como salvar a economia”.

Coronavírus no Brasil

Segundo dados do Ministério da Saúde, o Brasil possui 621 casos confirmados de infecção pelo novo coronavírus e 6 mortes. Hospitais de São Paulo relataram ainda dois novos óbitos entre a noite de quinta-feira e a manhã de sexta-feira.