Mandetta fala em flexibilizar isolamento: "Não existe uma ilha chamada saúde, a economia é sim importante"

Ministro disse que "tem certeza" de que vírus vai causar muitas perdas no país, mas que "todo dia nasce gente, graças a Deus"

Jair Bolsonaro e Luiz Henrique Mandetta - Foto: Carolina Antunes/PR
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Em coletiva de imprensa realizada de forma virtual neste sábado (28), o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, disse que a pasta já considera flexibilizar o isolamento social no país como forma de garantir a movimentação da economia neste período. Mandetta afirmou que o "lock down" é uma "tragédia" e que está discutindo a questão com secretários municipais e estaduais de saúde para anunciar uma decisão.

“Não existe quarentena horizontal, não existe vertical, não existe nada. Existe necessidade de arbitrar num determinado tempo qual o grau de retenção que uma sociedade deve fazer. O 'lock down', que é parada absoluta total, ela pode vir a ser necessária, em algum momento, em alguma cidade. O que não existe é um 'lock down', um fechamento de todo o território nacional, ao mesmo desarticulado. Isso é um desastre que vai causar muito problema para nós da saúde”, disse o ministro.

"Não existe uma ilha chamada 'saúde'. A economia é sim muito importante para a saúde. Nós colocamos em discussão o que liberar, o que fazer para as pessoas terem mobilidade, porque a última vez que foi usada quarentena no Brasil foi em 1917, na gripe espanhola", continuou.

Em seguida, o ministro criticou aqueles que adotam os protocolos da Organização Mundial da Saúde (OMS) sem antes "elaborar" as medidas. A OMS é uma das entidades do setor que tem defendido que as pessoas permaneçam em casa como forma de combater o avanço da doença.

"Ninguém tem esse parâmetro. Não é uma questão de apontar o dedo para o governador A, B ou C. Estão todos com a arma na mão falando que a Organização Mundial da Saúde falou e vai lá e faz, não pensando muitas vezes que isso é uma medida que tem que ser muito bem elaborada", disse.

Como argumento, o ministro disse que critérios no isolamento são importantes para garantir o abastecimento de supermercados. "Tem que garantir alimentos nas comunidades, a pessoa não consegue ficar dentro de casa, a geladeira fica vazia, o estômago fica vazio. Se a gente não tiver uma logística, como vamos chegar com o alimento no supermercado? Vamos colocar sim alguns critérios, mas não vai ser o plano do ministro Mandetta", afirmou.

Em seguida, Mandetta disse que a pasta ainda não sabe qual será o impacto do novo vírus no país e que "tem certeza" de que serão muitas perdas, mas que este é o "ciclo da vida" e que todo dia "nasce gente".

"Estamos discutindo com secretários municipais e estaduais essa semana para construir um consenso. Onde a gente ver que tá perdendo a guerra, a gente vai lá e aperta. Vamos ter dias bons e dias ruins. No indivíduo eu sei que vamos passar com muitas perdas. Mas todo dia nasce gente, graças a Deus, é o ciclo da vida", afirmou.

Casos no Brasil

O Ministério da Saúde anunciou neste sábado que já são 3.904 infectados pela doença no Brasil e 111 mortos. Foram 487 novos casos nas últimas 24 horas.

Ainda de acordo com o levantamento da pasta, a taxa de letalidade do país é de 2,8% e maioria dos infectados são homens (61%). Além disso, 90% dos casos corresponde a pessoas acima de 60 anos, sendo que 84% apresentou pelo menos um fator de risco.