Médico defensor da cloroquina fiscaliza ações do Conselho Federal de Medicina

Em reunião com integrantes do Ministério da Saúde, Emmanuel Cavalcanti admitiu que não poderia estimular em público o uso do medicamento

Foto: Arquivo/Agência Brasil
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Emmanuel Fortes Silveira Cavalcanti, médico representante do setor de propaganda do Conselho Federal de Medicina (CFM), é responsável pelo departamento de fiscalização de boas práticas da entidade. Ele se encontrou com integrantes do Ministério da Saúde para defender a prescrição da cloroquina.

Cavalcanti é membro do Conselho Regional de Medicina (CRM) de Alagoas, coordena, executa e controla as ações fiscalizadoras relacionadas ao exercício da medicina, segundo informações da coluna de Guilherme Amado, no Metrópoles.

Ele foi um dos aconselharam o governo federal a respeito do uso de remédios sem eficácia no tratamento contra a Covid-19. Ele tem o poder de uniformizar a fiscalização da medicina em todos os estados do Brasil, conforme mostra o site do CFM.

De acordo com reportagem de Guilherme Mazieiro e Rafael Moro Martins, do The Intercept Brasil, Cavalcanti manteve uma reunião com dois secretários do Ministério da Saúde, junto de outros integrantes do CFM, participantes do chamado “gabinete paralelo”, para orientar a prescrição de cloroquina e sua distribuição.

Em público

No encontro virtual, o médico fez uma apresentação de 19 slides, todos com o logotipo do CFM, em que forneceu detalhes sobre leis, pareceres e manuais de conduta da profissão para estimular médicos a receitarem cloroquina contra a Covid-19.

O médico admitiu aos outros participantes da reunião que não poderia fazer em público o que estava fazendo ali. “Eu próprio escrevi o que eu não posso fazer”, afirmou, sorrindo.

Mauro Ribeiro, presidente da CFM, que é investigado por seu negacionismo pela CPI do Genocídio, também é responsável por fiscalizações dentro do conselho.