Meio milhão de mortes desaparecem do sistema usado para monitorar coronavírus

A Associação dos Cartórios confirmou que houve "revisão" nos dados, o que impede montar gráficos comparativos sobre mortes em períodos anteriores

Covas coletivas abertas em Manaus no primeiro pico da pandemia - Foto: Alex Pazuello/Semcom Manaus/Fotos Públicas
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De acordo com a Folha de S. Paulo, mais de 500 mil registros de óbitos foram excluídos do Portal da Transparência do Registro Civil, uma base de dados alimentada pelos cartórios. O sistema é usado por pesquisadores e pela imprensa para, na ausência de testes, estimar o número de mortes pelo coronavírus.

Mesmo sendo referente a anos anteriores, a mudança dificulta a análise do impacto da Covid-19, pois, sem os dados, não há como comparar com as mortes dos anos anteriores.

A Folha fez uma reportagem sobre o portal no dia 13e  voltou a analisar todos os registros de óbitos do último dia 5 e compará-los com os apresentados nesta quinta (15) no sistema. Ao comparar os arquivos, percebeu-se que 546.490 ocorrências de anos e meses variados sumiram do sistema. Os registros são antigos e não se referem a mortes por coronavírus.

Esses números representam 11,5% do total de registros de óbitos de janeiro de 2015 a abril de 2020. O Rio de Janeiro perdeu 71% das ocorrências de 2016, 2017 e 2018.

O problema foi descoberto por Lucas Lago, desenvolvedor do @projeto7C0, em seu Twitter. Há mais ou menos duas semanas ele divide seus achados sobre o portal.

A Arpen (associação dos cartórios) confirmou que houve "revisão" nos dados sobre o Rio.