Ministério da Saúde não se planeja e fica sem dose de vacinas para crianças, diz ex-ministro

O deputado Alexandre Padilha fez questionamentos ao governo sobre o tema: “Se tivéssemos um governo federal sério, o ministro da Saúde estaria anunciando o calendário de vacinação. Vergonha”

O deputado Alexandre Padilha - Foto: Maryanna Oliveira/Câmara dos Deputados
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O deputado federal Alexandre Padilha (PT-SP) denuncia que a falta de planejamento do governo de Jair Bolsonaro deve prejudicar e atrasar a vacinação contra a Covid-19 em crianças. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou, nesta quinta (16), o uso do imunizante da Pfizer para a faixa etária de 5 a 11 anos.

“Vários países vacinando suas crianças antes das festas de fim de ano, das férias etc, enquanto o Brasil nem se planejou para esse momento. Se tivéssemos um governo federal sério, o ministro da Saúde estaria anunciando o calendário de vacinação. Vergonha”, disse Padilha à Fórum.

O parlamentar, ex-ministro da Saúde e médico, participou, nesta quarta (15), de audiência pública da Comissão de Seguridade Social e Família, da Câmara dos Deputados. Ele fez inúmeros questionamentos a integrantes da Anvisa e do Ministério da Saúde sobre o tema. Porém, não obteve respostas.

Entre as perguntas, Padilha indagou ao representante do ministério o que está previsto pela pasta, após o anúncio da liberação das vacinas para crianças.

“A partir de quando entra no calendário vacinal do SUS a vacina para a faixa etária de 5 a 11 anos? Vamos vacinar as crianças a partir do outro dia? Vai ter reunião com as secretarias estaduais e municipais para planejar isso? Nós vamos ter uma campanha específica? Teremos um ‘Dia D’ nacional de vacinação para as crianças antes de começar a volta às aulas no país? Teremos isso antes do Natal, antes do Ano-Novo, antes das férias? Quantas doses?”, questionou Padilha.

“Eu fui ministro da Saúde. Eu sei que o ministério tem todas as condições de saber antecipadamente. Deveria estar se preparando para a hipótese de que a gente vai ter essa autorização. Nós já temos doses contratadas junto à Pfizer para poder começar a vacinação para essa faixa etária? Minha dúvida, também, é se nós temos outros pedidos de registro de vacinas para essa faixa etária?”, insistiu o deputado.

Padilha não obteve respostas do ministério e da Anvisa aos inúmeros questionamentos

Após esta série de perguntas, Padilha não obteve nenhuma resposta, nem da Anvisa e, tampouco, dos integrantes do Ministério da Saúde.

O silêncio apenas prova que o governo não se planejou para essa nova etapa de imunização. Integrantes do próprio ministério afirmaram, antes do anúncio da liberação por parte da Anvisa, que a pasta só iria avançar na negociação para a compra das doses específicas das crianças após a manifestação da agência.

Bolsonaro insiste no negacionismo: É uma decisão, realmente, complicada para qualquer pai”

Com seu habitual negacionismo, Bolsonaro continua levantando dúvidas sobre a segurança dos imunizantes.

“É uma decisão, realmente, complicada para qualquer pai. A gente quer, quando se fala em vacina, muitas vezes, a vacina é essa que sabemos quais são. Já comprovadas, que levaram 5, 10, 20 anos, para depois de muitos testes ser aplicada na população. Agora essa está muito rápida”, disse Bolsonaro, que ignora que o imunizante tem registro definitivo da Anvisa.