"Na pandemia, fake news são itinerário para morte", diz presidente da CNBB em crítica a Bolsonaro

Dom Walmor Oliveira de Azevedo diz que falas do presidente desinformam e provocam cisões. O bispo também destacou a importância da ciência no combate ao coronavírus

Dom Walmor (Divulgação)
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O presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Walmor Oliveira de Azevedo, criticou o comportamento de Jair Bolsonaro na crise do coronavírus e diz que falas do presidente desinformam e geram cisões no governo, mas que momento deveria ser de união.

"Declarações polêmicas, dissidentes de perspectivas balizadas pela ciência, por instâncias reconhecidamente competentes na defesa da saúde, não ajudam, pois, além de desinformar, provocam cisões onde deveria haver união", criticou Dom Walmor, em referência ao episódio em que Bolsonaro chamou a Covid-19 de "resfriadinho". Declaração foi feita ao jornal Folha de S.Paulo.

Para o bispo, a desinformação e as fake news são "itinerário para a morte", algo que se torna ainda mais evidente na pandemia. "Na chamada sociedade da informação, as fake news são itinerário para a morte. Veja o exemplo desta pandemia. As falsas notícias que relativizam a gravidade da situação induzem pessoas a não se precaver e, com isso, estarem mais vulneráveis ao contágio", disse.

Em seguida, o bispo destacou a importância da ciência neste momento de crise. "Jesus Cristo é a verdade, palavra de Deus. Quem se dedica à mentira se opõe a Jesus. Nesse sentido, a relação da igreja com as entidades científicas é de respeito e colaboração. A ciência é dom de Deus para a humanidade", continuou.

Dom Walmor disse ainda ser "preocupante" os comportamentos do presidente em meio à pandemia, como fazer passeios e jejum. "[É] preocupante, pois estão na contramão das recomendações científicas, vindas do próprio Ministério da Saúde, da Organização Mundial da Saúde e de outras instâncias embasadas na pesquisa", afirmou.

No Dia Mundial da Saúde, comemorado nesta terça-feira (7), a CNBB e outras entidades de diversos setores do Brasil assinaram conjuntamente um manifesto em que pedem união para o combate à pandemia do coronavírus no país.

O documento, intitulado “Pacto pela vida e pelo Brasil”, também foi assinado pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Comissão Arns, Academia Brasileira de Ciências, Associação Brasileira de Imprensa e a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, e reconhece que o país vive grave crise sanitária, econômica, social e política.