Nas favelas, 80% têm medo de faltar comida para os filhos e 71% rejeitam política de Bolsonaro

Maioria dos moradores não quer deixar o isolamento durante a pandemia do coronavírus, mesmo enfrentando queda na renda e dificuldade para comprar alimentos

Favela de Paraisópolis (Reprodução)
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Pesquisa Data Leva/Locomotiva, realizada em 269 comunidades do país, revela que a maior parte dos moradores não concorda com o presidente Jair Bolsonaro sobre o fim do isolamento social em meio à pandemia do coronavírus. Mesmo enfrentando queda expressiva na renda, 71% rejeitam a proposta do ex-capitão.

O presidente vem utilizando os trabalhadores informais de baixa renda, muitos deles moradores de favelas, como argumento para pregar o fim do isolamento. Bolsonaro diz que muitos deles gostariam de voltar ao trabalho caso os estados suspendessem as medidas de isolamento, o que não reflete a vontade real dos moradores apresentada pela pesquisa.

O levantamento também mostra, no entanto, que mesmo sem querer, muitos moradores poderão ser obrigados a sair de suas casas atrás de trabalho ou ajuda. Ao todo, 56% dizem que podem ser obrigados a isso dentro de uma semana.

Ainda, no total, 8 em cada 10 moradores já enfrentam queda na renda e 13% têm comida armazenada para menos de dois dias; mais da metade, para menos de uma semana. A comida, portanto, é pouca. Isso leva a 80% dos pais terem muito medo de não ter comida para dar aos filhos nos próximos dias.

Sem auxílio do poder público, uma das ações que têm ajudado os moradores de favelas durante a pandemia é a doação de alimentos e cestas básicas, em sua maioria organizadas por coletivos e movimentos sociais voltados para as comunidades.

Com informações da Folha de S.Paulo.