OMS: “Maior ameaça agora não é o vírus, é a falta de solidariedade e liderança global”

Comentário do secretário-geral Tedros Ghebreyesus surge após críticas contra a entidade lançadas pelo estadunidense Donald Trump, e que logo foram copiadas por Jair Bolsonaro e outros governantes de extrema-direita

Tedros Adhanom Ghebreyesus (foto: The Hill)
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Em coletiva de imprensa realizada nesta terça-feira (23), o secretário-geral da OMS (Organização Mundial da Saúde), Tedros Adhanom Ghebreyesus, fez um alerta sobre as possíveis consequências do que chamou de “politização da pandemia do coronavírus”. Para o médico, as divisões políticas atrapalham o mundo na construção de uma resposta conjunta e mais adequada à crise de saúde.

“A maior ameaça que enfrentamos agora não é o vírus em si, e sim a falta de solidariedade e de uma liderança global. Não podemos derrotar esta pandemia com um mundo dividido”, afirmou Ghebreyesus.

Os comentários do secretário-geral surgem após uma série de críticas de países contra a gestão da pandemia feita pela OMS, a começar pelos Estados Unidos, cujo presidente Donald Trump, anunciou que não contribuirá mais com a instituição, ameaça que foi copiada dias depois pelo brasileiro Jair Bolsonaro e pelos governos de Índia, Iraque e Hungria, entre outros.

Tedros também reconheceu que “a pandemia de covid-19 demonstrou que, de fato, o mundo não estava preparado para uma emergência dessa proporção”. Além disso, afirmou que a pandemia mostra números que “não permitem pensar que o pior já passou”.

Sobre a possibilidade de uma vacina para a doença estar disponível a curto prazo, a opinião do secretário é que “mesmo tendo projetos bem adiantados, acho difícil ter algum deles disponível ao público ainda este ano, pois os testes de segurança e eficácia ainda levarãotempo, e há outros desafios para produzir esse medicamento em grandes quantidades e os esforços para que o acesso seja facilitado para todas as pessoas”.