Padilha pede sindicância em hospital de SP que não informou morte por coronavírus à família de paciente

Irmã de paciente que estava internado no hospital Sancta Maggiore só soube que sua morte foi causada pelo coronavírus através da televisão

Alexandre Padilha - Foto: Agência Câmara
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O deputado federal Alexandre Padilha (PT-SP), que é médico infectologista e ex-ministro da Saúde, apresentou nesta sexta-feira (20) um pedido de abertura de sindicância interna no Hospital Sancta Maggiore Paraíso, da rede Prevent Sênior, em São Paulo, para que seja apurado o envolvimento de funcionários no caso de uma morte por coronavírus que não foi informada à família do paciente.

Trata-se da primeira morte causada pela doença no Brasil, ocorrida na última segunda-feira (16).

O paciente era irmão de Maria da Graça Freitas. Manoel Messias Freitas Filho tinha 62 anos e, segundo relato de Maria da Graça ao portal UOL, ela soube somente pela imprensa que a causa da morte de seu irmão tinha sido o Covid-19. A princípio, o hospital, de acordo com ela, havia informado apenas que ele teve uma parada cardíaca e faleceu, depois de uma piora no quadro.

A princípio, Manoel havia procurado o hospital por não estar sentindo as pernas, o que a família julgou ser natural pelo fato de que ele tinha trombose, diabetes e erisipela, uma doença de pele. Na primeira vez que procurou a unidade de saúde, foi mandado de volta pra casa. Alguns dias depois, sentiu falta de ar e procurou o hospital novamente, desta vez sendo internado.

A velocidade do agravamento do quadro de saúde de Manoel chamou a atenção da família e, quando ele faleceu, o hospital não mencionou nenhuma vez que ele estava com coronavírus. "Falta de respeito e humanidade com a gente", disse a irmã ao portal UOL.

No pedido, Padilha pede para que o hospital apure a participação de funcionários no caso e para que eles sejam responsabizados.

"É preciso deixar registrado que todos, independente têm o direito de ver preservado o seu prontuário médico. Da mesma forma, é direito do paciente e dos seus familiares o cuidado e a observância da ética profissional de todos os funcionários envolvidos nas fases do atendimento, ainda mais no momento da dor do falecimento", escreveu o parlamentar, citando trechos do Código de Ética da Medicina.

"Desta forma, a presente abertura de Sindicância (caso não tenha ainda sido aberta) poderá apurar se houve envolvimento direto de funcionários da Unidadade do HOSPITAL SANCTA MAGGIORE PARAÍSO, com a consequente responsabilização adminsitrativa e de direito dos envolvidos", afirma o deputado.

O Hosptial Sancta Maggiore ainda não se pronunciou sobre o caso.

Nesta sexta-feira (20), a secretaria da Saúde de São Paulo confirmou mais 4 mortes em decorrência do coronavírus no estado, que já contava com 5 mortes. Com os novos casos, São Paulo concentra 9 mortes e o Rio de Janeiro 2, totalizando, até o momento, 11 mortes causadas pelo vírus em todo o país.