Para virologista alemão, “verdadeira pandemia” do coronavírus começa só agora para a Europa

Christian Drosten alerta que países europeus devem tomar medidas especiais durante outono e inverno do hemisfério norte, se querem “evitar um cenário como o que está acontecendo nos Estados Unidos”

Mona Lisa com máscara contra o coronavírus (foto: reprodução YouTube)
Escrito en CORONAVÍRUS el

Nos últimos dias, a Europa começou a perceber a chegada de uma segunda onda de contágios do coronavírus, registrada em vários países, como Espanha, França, Reino Unido, Portugal, Alemanha e Itália, entre outros.

Para o virologista alemão Christian Drosten, este salto abrupto no número diário de casos e mortes em tantos países é apenas o começo do que ele considera a “verdadeira pandemia” para os países do continente, que acabam de iniciar o período mais frio do ano, com a chegada do outono no hemisfério norte.

Em entrevista para o diário português Público.pt, Drosten usa a Argentina como exemplo, dizendo que “o país foi modelo no combate ao coronavírus até maio, quando tinha temperaturas mais quentes, mas a verdadeira pandemia lá começou a partir de junho e julho, e hoje, já terminado o inverno no sul, é um dos dez países com mais casos no mundo”.

Drosten acredita que situação similar pode acontecer em toda a Europa, mas que é possível se prevenir e evitar cenários mais trágicos. “É muito importante informar bem e amplamente a população e evitar o uso político da pandemia, como está acontecendo nos Estados Unidos, o país com maior número de contágio e de óbitos. Se os políticos utilizarem a pandemia para benefício próprio, o vírus cobrará o preço. A Europa precisa cuidar para que as decisões sejam tomadas priorizando critérios científicos”.

Consistente com sua tese, o virologista também coloca em dúvida a narrativa do seu próprio país, e diz que o verdadeiro “sucesso alemão” no combate ao coronavírus deverá ser mostrado a partir dos próximos meses.

“Reagimos bem, é verdade, dentro do contexto que creio ter sido favorável. Encaramos bem as últimas semanas de inverno, e depois veio a primavera e um clima que permitiu um relaxamento das medidas. Devemos ter consciência de que não podemos continuar com os mesmos protocolos a partir do outono, porque seria cair no erro que outros países cometeram”.