Em depoimento na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19, nesta quarta-feira (19), o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello citou Cuba como exemplo de país que teria adotado protocolo de uso da cloroquina para tratar pacientes infectados com coronavírus. O militar ainda fez elogios à ilha comunista, citando sua "medicina avançada".
O país caribenho foi citado pelo ex-ministro como estratégia para blindar o governo de Jair Bolsonaro em relação à defesa do medicamento ao longo da pandemia. Segundo Pazuello, 29 países do mundo têm protocolos de uso da cloroquina contra Covid-19, entre eles Cuba.
"Quando a pandemia começou no mundo, os médicos viram que vários países no mundo usavam de forma off label a cloroquina. Nós estamos falando de 29 países que hoje têm protocolo de uso de cloroquina contra Covid-19. Países como China, Coreia do Sul, Cuba, que é mundialmente conhecida pela medicina avançada. Cuba tem um grande protocolo para uso da cloroquina contra Covid-19", assegurou o ex-ministro.
Na sequência, Pazuello confirmou que o governo Bolsonaro publicou um parecer oficial favorável ao uso do medicamento em pacientes com Covid-19, mas disse que a norma foi produzida pela gestão de Luiz Henrique Mandetta.
"Quando começou a pandemia no Brasil, em fevereiro, o Ministério da Saúde emitiu realmente uma nota técnica orientando o uso da cloroquina na fase grave, com doses altas. Está orientado isso, feito pela gestão de Luiz Henrique Mandetta, que é um médico", disse Pazuello, que atribuiu o embasamento da nota técnica a orientações do Conselho Federal de Medicina (CFM).
O bom desempenho de Cuba frente à pandemia da Covid-19, no entanto, não pode ser atribuído ao uso de cloroquina ou hidroxicloroquina. A informação falsa havia partido do site Pleno.News - que tem o pastor Marco Feliciano como colunista - e viralizou nas redes sociais em julho do ano passado.
O site havia distorcido declarações do pesquisador cubano Agustín Lage, que afirmou que a droga faz parte do tratamento contra Covid-19 no país juntamente com outros medicamentos. O cientista, no entanto, assegurou que o medicamento não pode ser considerado o única responsável pelo bom desempenho do país no combate à pandemia.