Pazuello mente e diz que soube da crise de oxigênio em Manaus em 10 de janeiro

No dia 6, ex-ministro reconheceu em relatório “a possibilidade iminente de colapso do sistema de saúde" na capital amazonense

Eduardo Pazuello (Reprodução)
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O ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello mentiu em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19, nesta quarta-feira (19), ao afirmar que soube da falta de oxigênio em Manaus apenas no dia 10 de janeiro. No dia 6 daquele mês o general admitiu que sabia da crise na capital amazonense.

O comentário do ex-ministro foi feito ao ser questionado pelo relator da comissão, Renan Calheiros (MDB-AL), sobre quando foi informado acerca do risco de desabastecimento no estado. "No dia 10, à noite, em uma reunião com o governador e o secretário de saúde", respondeu Pazuello. "No momento que eu soube do oxigênio, comecei a agir", afirmou.

Ele disse à comissão que não tomou conhecimento de um e-mail enviado pela multinacional White Martins, no dia 14 daquele mês, pedindo ajuda do Ministério da Saúde na logística de envio de oxigênio a Manaus. Segundo Pazuello, a pasta já estava "no meio da operação" na capital. No dia 12 de janeiro, segundo ele, a Saúde enviou o primeiro avião com oxigênio à capital amazonense.

O ex-ministro reconheceu que o problema em Manaus poderia ter sido evitado ou diminuído se o governo tivesse agido com antecedência. "Ações precoces trazem resultados melhores", disse Pazuello.

Segundo cronologia formulada pelo jornal Nexo, o ex-ministro sabia ao menos desde o dia 6 de janeiro sobre a crise em Manaus. Um relatório assinado pelo ministro naquele dia reconheceu “a possibilidade iminente de colapso do sistema de saúde, em 10 dias, devido à falta de recursos humanos para o funcionamento dos novos leitos”, e planejava uma viagem do ministro e de secretários a Manaus para dali a quatro dias.

Em entrevista coletiva realizada no dia 18 de janeiro, Pazuello disse que soube da possibilidade de falta de oxigênio no Amazonas no dia 8 de janeiro, uma semana antes do dia mais grave de mortes por asfixia em leitos do estado. "No dia 8 de janeiro, nós tivemos a compreensão, a partir de uma carta da White Martins, de que poderia haver falta de oxigênio se não houvesse ações para que a gente mitigasse este problema", disse o ex-ministro.