Presidente da AMB diz que médicos não têm direito de prescrever remédios ineficazes

O presidente do Conselho Federal de Medicina, Mauro Ribeiro, elogiado por diversas vezes por Bolsonaro, com quem já se encontrou no Palácio do Planalto, tem uma posição diferente

Bolsonaro com uma caixa de cloroquina -Foto: Reprodução
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A Associação Médica Brasileira (AMB) mudou de posicionamento na última terça-feira (23) e passou a recomendar que os remédios do chamado "kit Covid", que incluem medicamentos como a hidroxicloroquina e a ivermectina, sejam "banidos" do tratamento da Covid-19.

O médico César Eduardo Fernandes novo presidente da associação, disse, em entrevista ao G1, que a autonomia do médico não lhe dá o direito de prescrever remédios ineficazes.

"Eu acho que o princípio do trabalho do médico – que eu acho válido, merece todo o nosso respeito - é dar autonomia de decisão ao médico. Mas essa autonomia não lhe dá, a meu juízo, o direito de fazer uso de medicações que não tenham eficácia", afirmou Fernandes.

O médico avaliou que, se pacientes receberem uma receita com os medicamentos do "kit", vale buscar uma segunda opinião.

"A meu juízo, se ele está sendo acompanhado por esse médico e recebeu essa orientação, eu creio que valeria ele ouvir uma outra opinião. Não me sinto nem confortável para dizer 'não siga a orientação do médico que lhe deu'. A minha opinião é que ele não deve tomar essas medicações, mas eu não quero ser leviano", explicou.

O presidente do Conselho Federal de Medicina (CFM), Mauro Ribeiro, elogiado por diversas vezes por Jair Bolsonaro, com quem já se encontrou no Palácio do Planalto, tem uma posição diferente. Ele afirmou em entrevista ao Estadão, publicada nesta quinta-feira (25), que não pretende revisar o parecer de abril do ano passado, que autoriza médicos a prescreverem a cloroquina, e ressaltou que a entidade não incentiva e nem proíbe o tratamento precoce com o chamado “kit Covid” – que inclui ainda azitromicina e ivermectina -, uma das bandeiras do governo.

“Todos são passíveis de crítica: tanto os [estudos] que mostram eficácia quanto aqueles que mostram que ele não tem qualquer tipo de ação. Nós nem incentivamos nem proibimos. É um tema dificílimo. Não existe consenso na classe médica. Nenhuma entidade é detentora do saber”, afirmou.

Com informações do G1