Rodrigo Maia diz que governo "tortura" números do coronavírus: "Brincar com a morte é perverso"

Após derrubar o site de estatísticas da Covid-19, o Ministério da Saúde informou números divergentes sobre a doença neste domingo, com diferença de 857 mortes pela doença

Jair Bolsonaro e Rodrigo Maia (Luis Macedo/Câmara dos Deputados)
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O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), foi às redes na madrugada desta segunda-feira (8) dizendo que Jair Bolsonaro "brinca com a morte" ao "torturar" números do coronavírus. Após derrubar o site de estatísticas da Covid-19, neste domingo (7), o Ministério da Saúde informou números divergentes sobre a doença.

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"Brincar com a morte é perverso. Ao alterar os números, o Ministério da Saúde tapa o sol com a peneira. É urgente resgatar a credibilidade das estatísticas. Um ministério que tortura números cria um mundo paralelo para não enfrentar a realidade dos fatos", disse Maia, compartilhando notícia do portal G1 sobre a divergência nos dados.

Por volta de 20h30, o Ministério da Saúde divulgou o primeiro balanço, no qual informava que 1.382 mortes haviam sido registradas nas últimas 24 horas. Uma hora e meia depois, o portal do Ministério com informações referentes ao Covid informou que o número de óbitos confirmados era de 525. Ou seja, havia uma diferença de 857 vítimas.

"A comissão externa da Câmara que trata da Covid-19 vai se debruçar sobre as estatísticas. É urgente que o Ministério da Saúde divulgue os números com seriedade, respeitando os brasileiros e em horário adequado. Não se brinca com mortes e doentes", complementou Maia.

https://twitter.com/RodrigoMaia/status/1269841734730727428

Também houve divergências em relação ao número de casos confirmados nas últimas 24 horas. O primeiro número divulgado apontava 12.581 casos. O segundo balanço, por sua vez, indicava 18.912 casos do novo coronavírus.

Os dados do primeiro boletim do ministério eram pouco maiores do que os divulgados pelo Conass (Conselho Nacional dos Secretários de Saúde), que decidiu lançar um painel com números de contaminados e óbitos paralelo ao do governo, logo após a ameaça de sonegação de dados. O órgão mostrava, até as 18h, 1.113 mortos.

Após a liberação dos dados, o Ministério da Saúde divulgou nota dizendo que "vem aprimorando os meios para a divulgação da situação nacional de enfrentamento à Covid-19". "Os dados fornecidos nas coletivas de imprensa passaram a ser entregues em plataforma online, o que só reforça a transparência", diz o texto no Twitter que remete a uma nota no portal da pasta, que não informa sobre a divergência dos dados.

Mudanças
Desde sexta-feira, o ministério mudou a forma de divulgação dos indicadores do coronavírus, deixando de apresentar alguns dados consolidados.

No sábado, o presidente Jair Bolsonaro confirmou que o governo passou a adotar uma nova sistemática para prestar informações sobre o coronavírus.

"As rotinas e fluxos estão sendo adequados para garantir a melhor extração dos dados diários, o que implica em aguardar os relatórios estaduais e checagem de dados. Para evitar subnotificação e inconsistências, o Ministério da Saúde optou pela divulgação às 22h, o que permite passar por esse processo completo. A divulgação entre 17h e 19h, ainda havia risco subnotificação. Os fluxos estão sendo padronizados e adequados para a melhor precisão”, informou o presidente.

Uma das mudanças é que o boletim diário do ministério, divulgado a partir de sexta, traz apenas o número de recuperados, novos casos e mortes registrados nas últimas 24h. Antes, o quadro apresentava também os números totais, registrados desde o início da pandemia.