Sem contestar, Exército pagou 167% mais caro em insumo de cloroquina

Laboratório de MG justificou o aumento dizendo que importação ficou mais cara. A empresa, no entanto, tinha estoque do produto desde março

Bolsonaro com a cloroquina - Foto: ReproduçãoCréditos: Presidência da República
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O Exército brasileiro comprou insumos para a fabricação de cloroquina de um laboratório de Minas Gerais por um valor 167% mais alto do que tinha pago à mesma empresa dois meses antes. O Exército apenas contestou o aumento quando virou alvo de uma investigação no Tribunal de Contas da União (TCU).

De acordo com reportagem da CNN Brasil, o grupo Sul Minas forneceu ao Exército 300 kg de difosfato de cloroquina, a base do remédio, por R$ 488/kg em março de 2020, mesmo preço de um registro licitado em 2019. Em maio, a mesma empresa vendeu 600 kg do produto ao governo por R$ 1.304/kg, sob a justificativa de que os custos internacionais subiram, já que ela importa o produto da Índia.

Contudo, a própria Sul Minas admitiu em carta e e-mails trocados com o Exército que ela tinha estoque do material desde março, mesmo mês em vendeu o produto pelo valor mais barato. Segundo a CNN, o governo de Jair Bolsonaro e o Exército estavam cientes desta informação. Ainda, parte dos insumos - cerca de 100kg - não foi importada, mas sim comprada pela Sul Minas no mercado interno.

Com o aumento, o custo total dos contratos mais caros foi de R$ 782,4 mil aos cofres públicos. Em junho, o Laboratório Químico e Farmacêutico do Exército já tinha gasto mais de R$ 1,5 milhão para produzir cloroquina em meio à pandemia do coronavírus. No mesmo mês, o estoque da instituição contava com 1,8 milhão de comprimidos do medicamento, que não tem comprovação científica de eficácia contra a doença.

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