Suspeita da CPI sobre conduta da PF em inquérito da Covaxin causa mal-estar

Senadores acreditam que a atuação da PF contribui para que as testemunhas assumam o papel de investigadas e, assim, consigam decisões judiciais que permitam que fiquem em silêncio na comissão

Omar Aziz - Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado
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O clima não está nada bom entre os integrantes da CPI do Genocídio e a cúpula da Polícia Federal (PF). As suspeitas levantadas pela comissão, a respeito da atuação política da PF no inquérito da vacina Covaxin, causou mal-estar no órgão, de acordo com informações do blog de Bela Megale, em O Globo.

O senador Omar Aziz (PSD-AM), presidente da CPI, reclamou, nesta terça-feira (13), pelo fato de a PF ter tomado depoimento de testemunhas do caso, justamente às vésperas das idas das mesmas pessoas à comissão. O senador classificou essas atitudes como “estranhas” e “raras”.

Aziz se referiu ao depoimento da diretora da Precisa Medicamentos, Emanuela Medrades, realizado nesta segunda (12), pela PF, no inquérito que investiga a aquisição da vacina Covaxin pelo governo de Jair Bolsonaro.

Os senadores acreditam que a atuação da PF contribui para que as testemunhas assumam o papel de investigadas. Dessa forma, obtêm decisões judiciais que permitem que fiquem em silêncio na CPI.

A PF não reagiu bem às suspeitas da comissão. Integrantes da instituição argumentam que a instauração do inquérito não impede a comissão de convocar depoentes.

Bem-vindo

“Entendemos a angústia do senador Omar Aziz. Investigar é tarefa difícil mesmo. Todos os dias os delegados se deparam com os limites impostos pelo princípio de que ninguém está obrigado a constituir prova contra si mesmo. É um princípio civilizatório, mas que no Brasil é desvirtuado e agravado pelas recentes leis excessivamente garantistas aprovadas pela Câmara, pelo Senado Federal e pelas interpretações do STF, como por exemplo o dispositivo na Lei de Abuso de Autoridade, que diz ser crime o mero ato de fazer perguntas ao investigado que disser que vai permanecer em silêncio", declarou o presidente da Associação Nacional dos Delegados da Polícia Federal, Edvandir Paiva.

"Quanto às ilações contra a PF, o senador sabe que a condição de investigado decorre da dinâmica do fato que está sendo apurado e não de qualquer decisão da PF ou da CPI. Bem-vindo, senador, ao mundo dos que investigam”, acrescentou, em tom irônico.

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